O CHOQUE DE JUROS EM UMA ECONOMIA EM COMA

Não adianta. Quando se formam dogmas econômicos, a observação da realidade permite questionar pressupostos teóricos. Em períodos mais longos, há a possibilidade de conferir na prática, de submeter a teoria aos resultados reais.

Mesmo a realidade desmentindo a teoria, há uma mediocridade invencível dos condutores de políticas públicas do país, ignorantes, medrosos de investir contra o estabelecido.

É essa mediocridade que explica uma alta da Selic de 1,5 ponto em um momento em que a economia brasileira desmorona.

Confira os resultados da Pesquisa Mensal do Comércio, medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em outubro, dos 11 setores medidos, houve alta em 3 e queda em 8. Em 12 meses houve alta em 1 e queda em 10. No indicador ampliado, em 12 meses, houve alta em 7 setores e queda em 6.

As maiores altas  foram de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos com ,01 de crescimento; Tecidos, vestuário e calçados com -,01% e Veículos, motocicletas, partes e peças com -,01% 

As maiores quedas foram de Móveis e eletrodomésticos com -,21 de crescimento; Material de construção com -,11% e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação com -,09% 

Houve aumento na receita nominal, fruto da inflação. Em relação a 12 meses atrás, o aumento nominal foi de 8,7%, contra uma inflação de mais de 10%,

No volume de vendas, o índice está 5,4% abaixo em relação a outubro de 2014.

A rigor, é uma só: impedir que o capital financeiro perca com a inflação. Segundo o conceito, cada vez que aumenta a expectativa de inflação, as taxas de juros têm que aumentar mais que proporcionalmente.

Eventual efeito sobre os juros se dá por vias tortas. Aumentando os juros internos, aumenta o fluxo de entrada de dólares, para se beneficiar das taxas. Entrando mais dólares, há uma apreciação do câmbio. Havendo, o capital financeiro ganha duas vezes: com as taxas de juros internas e com o fato do dólar, na saída, estar mais barato do que o dólar na entrada.

Todas as contraindicações são minimizadas, porque o único referencial da política monetária e cambial brasileira, desde os tempos do Real, é permitir ganhos do capital financeiro na alta ou na baixa.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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