
Um não existiria se não fosse, primeiramente, o êxito editorial, comercial, financeiro e publicitário do outro, e se, o outro jornal não tivesse deixado de circular por má administração de seus proprietários.
Assim podemos sintetizar o surgimento do jornal “ Valor Econômico” fruto da união das famílias Marinho e Frias.
Projeto criado pelo jornalista Celso Pinto, que teve uma passagem brilhante pela “ Gazeta Mercantil”, onde exercera várias funções relevantes, entre elas, a de correspondente em Londres, onde pode conhecer em detalhes a operação da bíblia do jornalismo econômico mundial, o jornal de economia e negócios, “ Financial Times”.
Quando a “ Gazeta Mercantil” da família Levy, que foi criado em 1920 como um boletim diário para o mercado, navegava em céu de brigadeiro sob o comando do jornalista Roberto Muller Filho e tornando-se o mais relevante órgão econômico e de negócios do Brasil, sobreveio uma crise no final dos anos 90 e início de 2000 que obrigou os Levy a negociar com o empresário Nelson Tanure, que decretou o princípio de seu fim em 2009.
É no ano 2000 que Celso Pinto lança o “ Valor Econômico”, depois de encomendar um projeto visual exclusivo à um escritório do Reino Unido e contratado profissionais formados pela Gazeta Mercantil e outros oriundos do jornal “ Estado de S.Paulo”.
Foi essa turma da elite do jornalismo econômico e de negócios, que colocou nas bancas o projeto editorial mais arrojado e relevante da imprensa brasileira dos últimos tempos.
Durante 9 anos, o “ Valor Econômico” ainda teve que enfrentar a concorrência da “ Gazeta Mercantil”, e do jornal “ Brasil Econômico”, empreendimento do grupo Ongoing de Portugal, mas a sua relevância editorial, financeira e publicitária era indiscutível.
Nesse período de afirmação do jornal, seu criador, o jornalista Celso Pinto sai de cena em 2003 por problemas de saúde , sendo substituído por Vera Brandimarte, também oriunda da Gazeta Mercantil, que até 2021 conduz o projeto.
Celso Pinto ficara em estado vegetativo por mais 17 anos, vindo a falecer em março de 2020.
Em setembro de 2016, depois de 15 anos, a família Frias decide sair da parceria com os Marinho, que passam a decidir o destino do jornal.
Mesmo com a substituição de alguns jornalistas importantes no projeto, os Marinho ainda não conseguiram atrelar o jornal “ Valor Econômico” ao conceito do “ pensamento único” que norteia suas atuações na mídia impressa e eletrônica.
O “ Valor Econômico” continua a ser um oásis de qualidade, informação e análise, talvez, o melhor jornal da mídia corporativa brasileira.
PS: sexto texto da série sobre a imprensa brasileira
Patrício Bentes “ AllTV” ( BRASIL)
Patrício Bentes é jornalista e sociólogo