Destronar um governo ultraconservador de direita hoje parece passar mais por forças de centro-direita e menos pelo fragmentado espectro de partidos de esquerda e centro-esquerda
Hoje há no cenário da sucessão presidencial o confronto entre o atual presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula. Ambos com rejeição imensa. Este fato preocupante é decisivo. Anteabre a hipótese de um terceiro candidato capaz de entrar na disputa com chances.
Lula nos bastidores trabalha em nome de um consenso possível. Ele possui todas as credenciais e habilidades para tal. Entretanto Lula é o inimigo da chamada terceira via, no que ela possa representar uma real candidatura que não seja a sua ou do PT.
Vejamos um movimento no sentido da construção de candidatura alternativa mais forte. Ciro Gomes até agora continua um franco atirador sem grande capacidade de crescer e ameaçar chegar ao segundo turno. Somente Lula e os Lulistas viabilizariam o líder pedetista. Hipótese improvável. Então temos na disputa interna entre os tucanos João Dória e Eduardo Leite uma possibilidade mais vigorosa de êxito.
O acordo parece costurado por Tasso Jereissati e FHC, com apoio a Alkmin para o governo do Estado. Não se descarta a solidariedade de setores de centro-direita, por exemplo, daquele resultante da fusão do DEM com o PSL, em favor do candidato gaúcho. Homem de direita, experiente como prefeito e governador, é jovem, bonito. Carrega a imagem da mudança e da coragem. Tem enfrentado com altivez e dignidade os preconceitos e baboseiras sobre sua vida afetiva.
Destronar um governo ultraconservador de direita hoje parece passar mais por forças de centro-direita e menos pelo fragmentado espectro de partidos de esquerda e centro-esquerda. Bolsonaro produz mais movimentos sociais que as esquerdas juntas. O fato dói entre puristas que partem de um dado conceito de movimento social, quase exclusivo das esquerdas. Estas não logram levar as massas para as ruas. Encontram-se cansadas.
Mesmo se Lula admitisse fechar com Ciro Gomes, hipótese quase impossível, menos por Lula e mais por visão de militantes a exemplo de José Dirceu e seu grupo, a capacidade de garantir um segundo turno é menor que a do tucano Eduardo Leite. Se Dória ganhar a disputa interna do PSDB conduzirá o partido à uma morte anunciada desde Aécio Neves. E a um provável recomeço de namoro com Bolsonaro (2018).
Estamos há menos de um ano da disputa. Muita coisa pode acontecer. Hoje a terceira via pode ser Ciro Gomes, a julgar por pesquisas recentes. Amanhã o candidato poderá ser Eduardo Leite. Lula poderá peitar ambas as candidaturas, desconsiderar a rejeição, manter seu nome e alinhavar um segundo turno com a tese de apoio de todos ao mais votado. Se esse nome não for Eduardo Leite ou Ciro, mas qualquer outro, inclusive Lula, vota-se em Lula.
Tudo para conter a besta! A besta da extrema direita. Um passo para avançar na agenda democrática.
EDMUNDO LIMA ARRUDA JR ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)