OS TALIBOZOS

CHARGE DE MIGUEL PAIVA

O Brasil governado pelo PT sequer passou perto de se transformar numa Venezuela. E muito menos em Cuba, uma vez que o ex-presidente Lula construiu as melhores relações com o governo dos Estados Unidos na gestão Barack Obama. Pelo contrário. Ampliou o diálogo e a cooperação com os norte-americanos, sem abrir mão da soberania e dos interesses econômicos que tornaram a China nosso principal parceiro comercial. Tomando como exemplo o setor de veículos em duas rodas, ambiente onde Bolsonaro acredita contar com grande número de seguidores, grandes marcas como Harley, Indian, Royal Enfield, Kawasaki, Dafra, entre outras, só investiram no país depois de perceberem a expansão do mercado para seus produtos. Até hoje, mais de 80% da frota de motocicletas em circulação foram compradas nas gestões Lula/Dilma. 

Meu interesse, como profissional de comunicação, é tentar entender como um governo com resultados tão positivos foi desconstruído tão rapidamente, sem qualquer capacidade de reação para se defender dos ataques que culminaram com a deposição da presidente Dilma, dando início ao projeto político de tomada do poder pelos Talibozos. O consórcio golpista formado para mergulhar o governo do PT num mar de corrupção, logrou êxito na empreitada sem qualquer esboço de resistência, provando a falta de maturidade política do povo brasileiro, principalmente quando comparada ao rechaço dos venezuelanos, na ocasião em que os mesmos atores institucionais do país (mídia, especuladores, Congresso, Judiciário…)  vizinho tentaram aplicar golpe semelhante. 

É verdade que nem todos os agentes do golpe que assentou Michel Temer na cadeira de Dilma estão satisfeitos com o resultado de sua obra em desfavor da democracia. Até estão sendo vítimas dos seus atos. É o caso da Globo e do STF, principalmente este segundo, que pelo papel constitucional que ocupa na República, jamais deveria se deixar levar por uma conspiração revelada pelo senador Romero Jucá. Ambos, além dos procuradores da Lava Jato, do juiz Sérgio Moro e seus assemelhados, que agora amargam a vergonha de terem suas sentenças reformadas em tribunais isentos, entregaram o país nas mãos de uma milícia armada, fundamentalista, extremista, genocida, que está excitada pela chance de reproduzir aqui o que acabou de acontecer no Afeganistão. 

Os Talibozos têm muitos motivos para acreditar que podem assassinar a democracia, e estabelecer no país uma república nacionalista comandada por bandidos da pior espécie. O principal deles é o silêncio cúmplice dos presidentes da Câmara e do Senado, que a tudo assistem sentados em pilhas de requerimentos de impeachment contra o presidente.  Será que estão esperando uma guerra civil, com milhares de mortos, mulheres estupradas, universidades destruídas a ataque de bombas, assassinatos em massa de populações indígenas para tomarem alguma providência? Vocês têm até o dia 6 de setembro para responder. 

Os líderes dos Talibozos já estão todos identificados. São aqueles pastores pilantras que divulgam vídeos ameaçando as instituições democráticas, cantores decadentes que estão na folha de pagamento ao lado de jornalistas escroques que manipulam a opinião pública, militares que desertaram dos princípios estabelecidos pelo Exército de Caxias, para seguir as ordens de um ex-capitão que jamais honrou a farda que vestiu. Fico imaginando todos eles invadindo o Congresso Nacional, armas em punho, ocupando as poltronas do plenário, gritando que “tá tudo dominado, em nome de Alá, digo… Jesus”?

Na semana passada, o dono de uma dessas corretoras que fazem bilhões do dia da noite só com especulação na ciranda financeira, que se aventurou agora a financiar pesquisas eleitorais, ficou desesperado com a consolidação do nome do ex-presidente Lula como favorito em 2022. O que esse cara está querendo? Ele acha que vai ganhar mais dinheiro num cenário caótico como o que se vislumbra, pela inércia das instituições que já deveriam ter estancado essa escalada de violência antidemocrática? 

Se os Talibozos ampliarem o poder que conquistaram numa aberração eleitoral em 2018, por força das armas e da opressão, vou encontrar na fila de embarque no aeroporto muita gente que, até agora, vive me mandando para Cuba ou para a Venezuela. 

CELSO RAEDER ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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