Na mesma quinta-feira, 25 de abril de 2019, desde o café da manhã no Planalto com jornalistas convidados, que tiram selfies com ele, até o final do dia, o capitão Jair Bolsonaro disse as seguintes barbaridades:
“O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay, porque aqui temos famílias”.
“Quem quiser vir aqui fazer sexo com mulher, fique à vontade”.
“Tomei conhecimento uma vez que certos homens ao ir ao banheiro só ocupavam o banheiro para fazer o número 1 no reservado e soube de um número alarmante: mil amputações de pênis por ano no Brasil por falta de água e sabão”.
Cada frase dessas, isoladamente, já mereceria uma atenção maior sobre o que pensa e preocupa o presidente da República de um país afundado na maior crise econômica e de desemprego da sua história.
É estranha essa fixação dele, dos filhos e do guru da família com os órgãos sexuais alheios.
No mesmo dia ainda, Bolsonaro mandou tirar do ar um comercial do Banco do Brasil e demitir o diretor de marketing da instituição porque na peça, dirigida ao público jovem, atores representavam a diversidade racial e sexual.
A propaganda estava no ar desde o dia 14 de abril e o capitão não gostou do que viu: cenas em que apareciam jovens, negros, tatuados e uma transsexual.
Não parou por aí. Nesta sexta-feira, abri o computador e dei de cara com a manchete do portal O Globo:
“Após veto a comercial do BB, todas as peças de estatais vão passar por aprovação do Planalto”.
Ou seja, está instituída a censura prévia na propaganda, assim com já foi anunciado que farão com as questões do exame do Enem. Bolsonaro quer ver tudo antes.
Detalhe: quem vai decidir o que pode e não pode é o chefe da Secom, general (claro, só podia ser) Santos Cruz, secretário geral da Presidência.
Ao mesmo tempo, em outra área do hospício, a polícia política de Sergio Moro tentou melar a entrevista exclusiva do ex-presidente Lula aos jornalistas Mônica Bergamo, da Folha, e Florestan Fernandes Junior, do El País.
A PF comandada por Moro tinha resolvido convidar jornalistas amigos para acompanhar a entrevista, montando um circo em Curitiba, mas foi impedida por uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que mandou cumprir a decisão do STF, sem palhaçadas.
Daria para ficar o dia inteiro aqui escrevendo sobre a estupidez e o show de horrores dos tripulantes deste trem fantasma desgovernado, o que eles fizeram e falaram esta semana, mas hoje é sexta-feira, dia de almoçar com os amigos, que ninguém é de ferro.
Antes de encerrar este texto porém, não posso deixar de registrar que hoje de manhã Bolsonaro anunciou mais uma ofensiva contra o “marxismo cultural”, como informa o portal do Estadão:
“Bolsonaro diz que MEC estuda tirar dinheiro de áreas de humanas”.
Pelo Twitter, o capitão explicou que o objetivo é tirar recursos da área de humanas, como filosofia e sociologia, para “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina.
Maravilha. Além de se preocupar com a nossa vida sexual e censurar propagandas, o presidente agora quer também decidir que cursos superiores nossos filhos e netos devem seguir.
Nem aquele adolfinho alemão, de triste lembrança, que inspira a nova ordem, chegou a pensar nisso.
Em resumo: estamos lascados, num mato sem cachorro.
Com esse desgoverno, não há o menor perigo de tão cedo voltarmos a ter uma vida normal.
O hospício já está superlotado e a cada dia aparecem novos tripulantes no trem com novas ideias geniais.
Qual será a próxima?
Bom fim de semana.
Vida que segue.
RICARDO KOTSCHO ” BALAIO DO KOTSCHO” ( BRASIL)