Rebeca Andrade foi cirúrgica ao conquistar a prata na competição individual geral da ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Tóquio nesta quinta (29).
A primeira brasileira a faturar uma medalha olímpica na ginástica foi nota 10 em termos de divulgação do esporte como instrumento de transformação social para jovens brasileiras e brasileiros.
Se raramente o esporte de alto rendimento vai à favela, ela levou a favela à elite esportiva.
Todo atleta nacional que sobe no pódio olímpico naturalmente estimula meninas e meninos a sonharem com a glória olímpica.
Mas Rebeca explorou ao máximo o potencial olímpico de mostrar um caminho para as crianças.
Ao escolher “Baile de Favela”, do MC João, para compor a trilha de sua apresentação no solo, Rebeca chamou a atenção da juventude brasileira, que se amarra em funk.
Ela levou sua mensagem para diversas classes sociais, já que o ritmo que a inspirou tem admiradoras e admiradores de diferentes poderes aquisitivos.
Porém, o mais legal dessa história é que ao usar parte da música que lista bailes funk da periferia de São Paulo, ela encurtou a distância entre a ginástica artística e meninas e meninos da perifa.
De certa forma, ao menos enquanto ela se apresentava no solo, a ginástica artística soou um pouco familiar para esses jovens.
Num país no qual crianças negras e pobres com frequência perdem suas vidas por não conseguirem desviar seus corpos de balas perdidas, a imagem de uma negra fazendo contorcionismo ao som de um funk consagrado “apenas” para fazer história tem uma potência incalculável.
PERRONE ” SITE DO UOL” ( BRASIL)