A nota com que Eduardo Pazuello respondeu à revelação do vídeo que gravou com “empresários” de um escritório de despachantes de Santa Catarina para comprar 30 milhões (!) de vacinas Coronavac pelo triplo (!!) do preço pago ao Instituto Butantan pelo mesmo imunizante é mais espantosa que as suas próprias declarações na gravação.
Diz, primeiro, que foi “apenas cumprimentar” os “empresários” e gravou o vídeo a pedido de sua equipe de comunicação e que, imediatamente avisado de que era picaretagem, mandou suprimir o vídeo e acabar com a pantomima.
“Após a gravação, os empresários se despediram e, ato contínuo, fui informado de que a proposta era completamente inidônea e não fidedigna. Imediatamente, determinei que não fosse elaborado o citado memorando de entendimentos —MoU—, assim como que não fosse divulgado o vídeo realizado”.
Ora, Pazuello, o senhor acha que alguém pode imaginar que, sabendo que “a proposta era completamente inidônea e não fidedigna”, o seu secretário, Coronel Élcio Franco, iria chamá-lo a ir cumpromentar os picaretas? “Vem cá, Ministro, vem dar um aperto de mão numa turma de aproveitadores que está fazendo uma oferta falsa de vacinas”…
Pazuello diz que determinou que “não fosse elaborado o citado memorando de entendimento”, mas no vídeo disse que “já saímos daqui hoje com o memorando de entendimento já assinado” e mais ainda, “com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato para podermos receber essas 30 milhões de doses no mais curto prazo possível para atender a nossa população”.
O general é um mentiroso, portanto. Mente, aliás, repetida e descaradamente.
O que disse na CPI, cheio de empáfia, sobre não ser papel do Ministro participar de negociações de compra de vacina com empresas sólidas é compatível com ir cumprimentar gente que, sem qualquer credencial, vai oferecer vacinas sem procedência clara, sem representação para isso e pelo triplo do preço?
Pior: o coronel sabe que são vigaristas, chama o general para apertar a mão, gravar filminho e ainda elogiá-los e dizer que vai assinar um memorando de entendimento , logo em seguida, o mesmo coronel diz que aquilo é picaretagem e é melhor nem dar prosseguimento?
Sério? É coisa para demitir o sujeito e, se fosse possível, rebaixá-lo a soldado raso e ir mandar caiar meio-fio.
Pazuello, o capacho de Bolsonaro, o general que fez o Exército rasgar seu Regulamento Disciplinar para não o punir por fazer política na ativa, só tem uma possibilidade de não estar mentindo, a qual se deve deixar aberta por mera generosidade.
Pode ser burro como uma porta, o que explica o que faz, mas absolutamente não justifica o fato de que, com a saúde dob seu comando, tenham morrido centenas de milhares de brasileiro que pagam o seu soldo e comissões.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)