Eduardo Leite, embora jovem, já tem um extenso currículo como político. Pode ser candidato a presidente da República em 2022. Mas o maior destaque veio quando revelou sua orientação sexual
Ele foi presidente de grêmio estudantil, vereador, secretário municipal e prefeito mais jovem da cidade onde nasceu. Contra a reeleição, concluiu o mandato com 87% de aprovação, elegeu a vice-prefeita para sucedê-lo. É o governador mais jovem, eleito com mais de 53% dos votos no estado e mais de 90% dos votos da cidade que administrou. Desde novembro de 2020, o governo do estado paga em dia os salários do funcionalismo público depois de quase cinco anos de atrasos e parcelamentos.
Em abril de 2020, cortou 30% do próprio salário, por três meses, por conta da crise econômica provocada pela pandemia. Está promovendo reformas importantes e recuperando as finanças do estado que administra. Comete erros, como a recente liberação do uso de agrotóxicos proibidos nos países onde são fabricados. O governo dele é considerado ótimo e bom por mais de 60% da população. Outros 20% dizem que é péssimo. Tem gente que o aponta como eventual candidato a presidente da República.
Trato aqui, do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, entrevistado na quinta-feira (01/07) por Pedro Bial. Não vi o programa. Mas a chamada da entrevista e todas as repercussões têm o mesmo assunto: o governador assumiu que é gay.
Eu, um baby boomer, fico espantado que, em pleno século 21, em tempos de casamento gay oficializado, inseminação artificial de casais gays pelo SUS, direito ao uso de nome social pelos transgêneros, a revelação da orientação sexual de uma pessoa ainda renda manchete. Ou um cara apontado como provável candidato a presidente da República não disse nada – ou não lhe foi perguntado – sobre o que fazer para tirar o país da crise? Como fazer esses 50% de jovens (quase todos em faixa etária perto da dele) que querem deixar o Brasil voltem a acreditar que aqui também dá para viver bem?
O governador, corajoso, está feliz com a repercussão da entrevista e disse que nunca tinha falado sobre o assunto para não criar um personagem na política do estado, tido como dos mais conservadores (o que a trajetória de Eduardo desmente). Menos mal que, nas aparências, pelo menos, a maioria o apoia.
A bola, agora, está com o time de comunicação do governador, a quem cabe impedir que o transformem no personagem que ele não quer ser. Evitar que o gay governador do Rio Grande do Sul fique maior que o Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. A repercussão da entrevista do governador, para mim, mostra como estamos atrasados. Apesar da pinta de modernidade…
Ah! O governador também tem outra orientação diversa da maioria dos gaúchos. Ele não torce nem para o meu INTER, nem pro Grêmio. O governador é Brasil de Pelotas…
FERNANDO GUEDES ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)