São considerados milicianos, os militares, paramilitares ou cidadãos comuns armados que, teoricamente, não integram as forças armadas de um país. No Rio de Janeiro estão organizados e possuem braços nas polícias e na política.
Não é mais novidade a aproximação da milícia carioca com o poder executivo federal. Personagens como Fabrício Queiroz, Ronnie Lessa, Adriano Nóbrega, Élcio Vieira, são milicianos ligados à família Bolsonaro e ao escritório do crime, organização criminosa localizada no bairro Rio das Pedras.
O que esperar de um presidente que sempre teve ligação com milícias de bairro?
Dentro do governo, Bolsonaro utiliza a lógica miliciana de substituir o legítimo pelo improvisado. Em reunião, com a participação do presidente, o virologista Paolo Zanotto, falou sobre a existência de um ‘gabinete das sombras’, que seria um gabinete paralelo formado por influenciadores de fora do governo que orientam as ações do presidente.
Quando depõem na CPI, os integrantes e ex-integrantes do governo, mesmo os que não consideram tal hipótese, deixam transparecer que não passam de marionetes em seus cargos. Quem decide tudo é o presidente, que ouve mais o gabinete paralelo do que seus ministros e secretários nomeados.
Bolsonaro tem experiência com gabinetes, tanto das sombras, quanto do ódio. Devido a isso, não é de surpreender que do gabinete paralelo tenha saído as orientações sobre imunidade de rebanho e tratamento precoce contra o coronavírus através da hidroxicloroquina.
O gabinete paralelo reúne a nata do negacionismo, é um espectro do governo que arrasta correntes e conduz o país aos incríveis índices de mortes.
O deputado Osmar Terra, médico formado na UFRJ, que previu ‘apenas’ oitocentas mortes por Covid, é considerado o ‘padrinho’ do gabinete paralelo, o ministro da saúde do governo das sombras.
RICARDO MEZAVILA
Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.
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