O Exército caiu em contradição no caso Pazuello. Arquivou o processo, por considerar que o general intendente não cometeu nenhum deslize ao subir no palanque com Bolsonaro e os motoqueiros no Rio, mas determinou que tudo ficasse sob sigilo absoluto.
O processo vai para um arquivo secreto, onde permanecerá por cem anos. Ninguém pode mexer no caso Pazuello por um século.
Por que um caso simples, que nem punição teve, acaba tendo sigilo de documento de guerra?
O problema é que, por cem anos ou mais, o tratamento dispensado a Pazuello será lembrado, por avaliação antecipada de seu colega Hamilton Mourão e pelo desfecho que teve, como um caso em que a anarquia venceu a disciplina.
Nem os documentos do governo americano sobre o Vietnã e sobre interferências pró-ditaduras latino-americanas ficaram tanto tempo sob sigilo.
O que o caso Pazuello pode esconder a ponto de exigir segredo por tanto tempo? O que o Exército cedeu a Bolsonaro que não devemos ficar sabendo?
Sempre lembrando que essa é a tradição dos militares no Brasil. Um papel secreto (hoje virtual) pode simplesmente desaparecer, como fizeram com 19 mil documentos da ditadura nos anos 80.
Informações sobre prisões, processos arbitrários e mortos simplesmente sumiram, por ordem do SNI, para que nunca mais fossem investigados.
João Baptista Figueiredo, o ditador chefe do comentarista Alexandre
Garcia, determinou que eliminasse tudo.
O tratamento que as Forças Armadas dão aos registros históricos dos atos que cometeram explica por que até hoje continuam escondendo e eliminando o que acham que não deve ser visto.
Um comportamento que explica também como um sujeito como Bolsonaro, um tenente com uma trajetória errática, é processado e condenado pelo Exército, vira presidente e acaba impondo suas vontades aos generais.
MOISÉS MENDES ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)