Hamilton Mourão, o pai da indisciplina nos tempos recentes do Exército, resolveu atacar Tite, técnico da Seleção, por ficar ao lado dos jogadores na crítica à forma como foi trazida a Cova América para o Brasil. Está prevista a divulgação de um manifesto dos jogadores amanhã, depois do jogo contra o Paraguai pelas eliminatórias da Copa do Mundo.
Mourão sugeriu que Tite deixe a Seleção e vá treinar o Cuiabá. Tite deveria sugerir a Mourão que impedisse a anarquia de se instalar nas Forças Armadas em vez de dar palpite no futebol. Em 1970, pressionado, João Saldanha peitou o ditador de plantão, Emílio Médici, com a frase: “Nem eu escalo o ministério, nem o presidente escala o time.”
Médici queria Dadá Maravilha na Seleção.
Durante o sorteio para os grupos da Copa do Mundo, em janeiro de 1970, o então técnico distribuiu um dossiê em que denunciava as atrocidades cometidas pelos militares – incluindo os nomes de mais de 3.000 presos políticos. Perdeu o cargo, mas manteve a honra.
Tite também poderia sugerir que Mourão trabalhasse mais contra o genocídio em curso, implantado pelo governo do qual faz parte. A melhor resposta a esses tiranetes seria dizer não ao campeonato e, para isso, mobilizar outras seleções para um boicote.
Difícil que ocorra, há muito dinheiro envolvido na Cova América, mas seria um feito histórico de grandes proporções. Aí Tite deveria se perguntar: “Quanto vale a honra de um homem?”
Há 15 anos, Tite pediu demissão do Palmeiras ao ser criticado publicamente por um cartola. Só cresceu depois disso. Hoje todos no Brasil conhecem Tite, mas não sabem o nome desse cartola, tosco como Mourão.
Dou uma colher de chá para o insignificante: “Hugo Palaia”. Mourão irá para o lixo da história, onde Palaia se encotra, guardadas as proporções. Tite talvez não, daí a necessidade de um ato heróico nesta terça-feira.
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JOAQUIM CARVALHO ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)