Desde o primeiro dia de governo, Bolsonaro já apostava na radicalização e no golpe final na democracia. Mas os idiotas da objetividade sustentavam que as instituições eram fortes o suficiente para impedir qualquer aventura.
Bolsonaro avançava no pântano, passo a passo. Quando sentia o terreno perigoso, fazia um pequeno recuo e prospectava novo caminho, buscando brechas legais para avançar rumo ao golpe. Enquanto as instituições funcionavam, Bolsonaro ia armando suas milícias, as oficiais e os clubes de tiro e caça, ampliava a aposta na radicalização, insuflava policiais militares, afrontava diariamente as normas de saúde. Vez por outra, o STF impedia um outro arroubo mais explícito. Bolsonaro criava outro factoide qualquer, recuava taticamente e continua em seu avanço sobre o pântano. E os idiotas de objetividade celebravam as vitórias pontuais do STF.
Agora se chega nesse dilema. As Forças Armadas se curvam a Bolsonaro. A absolvição de Eduardo Pazuello abre uma enorme estrada para a ampliação da ousadia de Bolsonaro. Isso em um momento em que policiais militares de várias partes do país, o baixo clero da PM, passam a recorrer à Lei de Segurança Nacional para prender críticos do governo. Em alguns casos, como nos recentes episódios de Recife, a insubordinação atinge até o alto comando.
O recuo do Exército, no caso Pazuello, cria um horizonte absolutamente conturbado pela frente. A partir de agora, as porteiras do arbítrio estão escancaradas para qualquer guarda da esquina.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)