A cavalgada de ontem na Esplanada dos Ministérios levou mais combustível à fornalha de asneiras que arde na boca de Jair Bolsonaro.
Indefeso na CPI, com auxiliares que não têm como, ainda que mentindo ou dando respostas isoladas, desfazer a certeza de que ele é o responsável pela desastrada e criminosa condução do combate à pandemia, o ex-capitão vai acentuar seus ataques, como forma de fazer crer que as verdades que vão surgindo são um mero plano político-eleitoral para derrotá-lo em 2022.
E, sobretudo, desafiar Lula com xingamentos de toda a espécie, animando seu curral político a fazer o mesmo. Não se descarte, até, a volta de agressões físicas, tamanha a excitação em que se quer deixar este pessoal.
Como se tem insistido aqui, adiantará exatamente nada, exceto para deixar em péssima companhia os renitentes do antipetismo crônico.
Se alguém quiser uma metáfora da postura de Lula ante o destampatório de Jair Bolsonaro , pegue o “impávido que nem Mohamed Ali” do Caetano Veloso.
O fogo bolsonarista, hoje, é um instrumento de promoção e deixa Lula fora do bate-boca, tratando de articulação política e com um discurso centrado na retomada do progresso econômico e social do país, a grande aflição de nossa gente.
É o Brasil real, não o dos delírios da “conspiração comunista” de que se alimenta a extrema direita.
É claro que não vai ser assim à medida em que se aproximar a eleição e caírem – tomara! – as restrições de contato público impostas pela pandemia e, como de outras vezes, Lula vai pisar na poeira como sempre fez em suas campanhas. Mas ainda não é a hora do “tranquilo e infalível como Bruce Lee”, para seguir com Caetano.
Por enquanto, basta que Bolsonaro encarregue-se de fazer a paradoxal “polarização de um lado só”, pondo lenha verbal na fornalha e elevando a pressão da caldeira.
O que Lula quer como imagem está aí no clique do Ricardo Stuckert, o mais perfeito tradutor fotográfico do que Lula representa: “todos a bordo”.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)