Ontem, a história deste país deu uma guinada e a proximidade dos fatos ainda não deixa evidente o tamanho desta mudança.
Fuja-se disto o quanto quiser. mas o que houve foi o reconhecimento de que a Justiça brasileira proclamou a inocência de Luís Inácio Lula da Silva, ao julgar que o juiz que o condenou e que preparou-lhe outras condenações, alegando que anular processos não é o mesmo que absolver, sim, o ex-presidente foi absolvido e reconheceu-se que ele foi vítima de uma trama judicial de motivação política.
Nada mais pode prosperar neste campo, porque cinco anos depois de um massacre político, judicial e midiático, é impossível que se consiga repetir processos como os que, agora, reconhece-se terem sido deformados e dirigidos com objetivos eleitorais, tanto quanto são evidentes os danos que ele trouxe ao país.
Ao contrário, ainda que a turma do “politicamente correto” não goste que se diga, Lula chegou mais perto de repetir, no imaginário popular, a saga de Getúlio Vargas nos anos 50.
A “ameaça” de que isso aconteça é tão forte e a falta de alternativa à direita que não seja a submissão ao bolsonarismo é tão grande que a inefável Vera Magalhães, em O Globo, à espera de um improvável príncipe encantado do conservadorismo diz que “cresce nos meios políticos e entre os analistas a crença de que o segundo turno de 2022 pode se dar sem a presença de Jair Bolsonaro”, porque haveria uma ” boa parte do eleitorado de votar em alguém que não seja nem Bolsonaro nem um petista”.
O que as pesquisas indicam, claro, é o contrário.
Embora haja um declínio, o que está evidente é que, apesar das 300 mil mortes e dos 300 mil coices que aplica ao país, Bolsonaro conserva o seu núcleo num patamar muito distante do que lhe seria temerário eleitoralmente e que sua estratégia, óbvia, é contar com o ódio ao PT que anima a tal “boa parte” a que a cândida colunista se refere.
Mas há algo mais importante, que é o crescimento da figura de Lula, inevitável agora que ele é senhor das provas de seu martírio judicial e com o reconhecimento formal de que foi vítima de um juiz e de uma Justiça que tinham propósitos político-eleitorais.
E que sai disto como um titã, que não se quebrou e nem sequer se vergou diante de tudo, inclusive de 580 dias de prisão em Curitiba. É como se voltasse do exílio que lhe impunha a estranha ditadura judicial na qual caiu este país.
Que me desculpe Jair Bolsonaro, mas se há no Brasil uma figura que, hoje, possa ser considerada mítica, esta é a de Luís Inácio Lula da Silva.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)