Se, de fato, Sérgio Moro fez ‘media training’ para se submeter à inócua sessão do Senado onde (não) deu explicações sobre sua troca de mensagens com o procurador Deltan Dallagnol, da Lava Jato, não entendeu nada ou foi mal orientado.
Nem falo da dicção inconvincente ou das sucessivas escapadas de negar que se lembrasse (ou, então, negasse) trechos dos diálogos revelados até agora, invocando a falta de memória
Sobre alguns, marcantes e recentes, poderia ter dito que “jamais me expressaria desta forma”. Se não o fez, deixa subjacente que lhes reconhece a veracidade.
O pior momento até agora, porém, foi quando caiu como um tolo na armadilha que o senador Jaques Wagner duas vezes lhe colocou à frente.
Indagado se, caso surgissem novas revelações que levassem à necessidade de apurar o caso, deixaria o cargo de ministro, escapou na primeira vez , mas, na réplica, respondeu da maneira que qualquer “coach” de mídia diria que jamais fizesse: admitiu que sim, que “se houver alguma irregularidade da minha parte, eu saio”.
É claro que irregularidades já há. E ninguém tem dúvidas que outras, mais explícitas e expressas serão reveladas.
Poderia responder, simplesmente: “Senador, estou convicto de que agi corretamente, por isso não tenho porque cogitar disso”.
Mas, ao responder daquela maneira, moro assinou uma “promissória” que lhe será cobrada, a partir do próximo fato grave que vier à tona. Terá de passar, a partir daí, por alguém que está apegado ao cargo ao ponto de negar o que disse, até porque deixar o ministério seria, do seu ponto de vista, um suicídio político.
O segundo, caso se considere o evidente: que o primeiro foi tê-lo aceito.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)