Anunciou-se, agora há pouco, que as vacinas indianas, finalmente, chegariam no final da semana e estariam prontas para uso aí por volta de quarta-feira.
Claro que é bom que ao menos isso o governo federal vá conseguir fazer pois, mesmo sendo pouco – menos de 0,5% de nossas necessidades de imunização – é muito perto do nada feito até agora.
Só que isso não resolve o problema de continuidade de nossa vacinação, que não irá com isso além da imunização dos profissionais
Nosso problema, desculpem a obviedade, é ter vacinas.
E às dezenas de milhões.
Sem isso, não se faz distribuição correta, porque os envios sempre serão emergenciais: ou chega ou para de vacinar ou, com a vacinação parada, corre-se para reiniciá-la.
Desde a aprovação das vacinas Coronavac e Astrazêneca, o país vive a angústia de “vem-não vem” de vacinas e de insumos para a sua produção, que está parada.
Do jeito irresponsável que se conduz o nosso governo nacional, ficaremos sem poder seguir um planejamento racional, peça essencial de uma vacinação gigante como a que é necessária aqui.
Já está claramente estabelecido que o ritmo pretendido – e nem assim cumprido – de vacinação não é capaz de nos dar esperança de tão cedo interromper a escalada de contágios e isso é um ponto-chave no seu sucesso.
Nada, nem mesmo a estupidez de Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello, pode ser mais danoso para a confiança da população na vacina que a pandemia alcançar níveis estratosféricos de contaminação e morte – como estamos vendo em países como EUA, Reino Unido e Portugal – em meio a uma vacinação que, oficialmente, prevê-se que vá durar nada menos que 16 meses.
Conseguimos manter algum nível de isolamento social expressivo durante três ou quatro meses quando não havia salvação possível para a Covid. Já temos muito pouco agora e como estaremos, em plena vacinação, mas com apenas 10 a 15% da população imunizada e, consequentemente, com efeito quase zero nos indicadores de mortes e de caso?
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)