A vacinação que se inicia hoje, para a decepção de muita gente, ainda não é pública e talvez não haja doses, sequer, para a cobertura em duas doses do público “prioritário entre os prioritários”, basicamente o pessoal – e nem todo – que trabalha em unidades de saúde pública e privada.
Aqui no Rio, há municípios que receberão menos doses do que as que receberam na vacinação contra a gripe que, naquele caso, esgotou-se em dois ou três dias, interrompendo o processo de vacinação até a chegada de novas doses.
De um modo geral ,afora para a vacinação de populações indígenas, cujo acesso remoto fará a vacinação ser necessariamente mais lenta, temos “uma semana” de vacinas.
Não seria problema se a cadeia de suprimento estivesse funcionando, mas não está.
No caso do Butantan, ainda há material para o envase de perto de 4 milhões de doses, nas próximas duas semanas e matéria prima para mais 11 milhões, retina na China por embaraços diplomáticos de um país que precisa de bilhões de doses para imunizar seu povo.
E com qual o Brasil se esforça para ter a pior relação possível.
Já na Fiocruz – oficialmente quieta – a situação, diz a Folha, “é desalentadora”:
A fundação (…) tem um contrato, para a aquisição de 100,4 milhões de doses e com transferência de tecnologia do IFA, da vacina de Oxford. O governo federal se comprometeu a pagar R$ 1,9 bilhão. A primeira carga de 1 milhão de doses era esperada para dezembro e, depois, 12 de janeiro. Não chegou. Contratualmente, metade das 100,4 milhões de doses deveria chegar ao país até abril e o resto até junho, para garantir vacinação até a produção nacional começar.
Salvo na hipótese – improvável – que recebamos matéria prima ainda esta semana, contando os prazos transporte e de processamento, faltará vacina, mesmo com critérios de aplicação restrita.
Tudo pode ficar pior se a Food and Drug Administration, regulador dos EUA liberar nas próximas semanas o uso de Astrazêneca/Ozford para uso no esforço que Joe Biden – outro que não tem motivos para ser “amigo” do Governo Bolsonaro – anuncia de vacinar 100 milhões de norte-americanos em seus primeiros 100 dias de governo.
A farmacêutica prometeu ao governo dos Estados Unidos 300 milhões de doses e recebeu, por isso, US$ 1,2 bilhão antecipados.
Na Europa, crescem as pressões para que a European Medicines Agency, a Anvisa da União Europeia faça a mesma liberação.
O país que fez de tudo para voltar a ser vira-latas está metido numa briga de cachorros grandes.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)