A situação de conflito de interesses que envolve a contratação de Sergio Moro pela empresa de consultoria Alvarez & Marsal é muito mais grave do que se imaginava inicialmente.
Alvarez & Marsal foi contratada pela Dersa, empresa pública do Estado de São Paulo, para atuar no assessoramento técnico em procedimentos arbitrais relativos às obras do trecho norte do Rodoanel.
Pela serviço, a Alvarez & Marsal receberá do governo de João Doria, do PSDB, R$ 2.997.893,60.
O primeiro problema é que a Alvarez & Marsal atuará contra os interesses da OAS, da qual foi administradora judicial entre 2015 e 2020.
O problema número 2 é que a Alvarez & Marsal foi contratada pelo governo de Doria apesar de apresentar à Dersa um orçamento muito maior do que uma concorrente, a HJR Serviços de Engenharia Eireli.
Essa empresa, de reconhecida capacidade técnica, se propôs a fazer o mesmo serviço da Alvarez & Marsal por R$ 1.090.000,00.
A Dersa ignorou os e-mails enviados pela HJR Serviços de Engenharia, sem apresentar nenhuma justificativa.
Por conta disso, a HJR entrou no final de outubro com um mandado de segurança contra a empresa e também contra a Alvarez & Marsal.
Na petição inicial, a empresa relata a situação de conflito de interesses e também a relação privilegiada que os agora sócios de Sergio Moro têm com o governo de Doria.
Em um trecho do documento, a HJR afirma:
Um último registro: em 2019, a ALVAREZ & MARSAL, em pleno exercício da administração judicial da OAS, obteve autorização para ser contratada pela DERSA por R$ 2,1 milhões por 18 meses, mas tal autorização de contratação foi revogada por meio de decisão proferida em recurso administrativo. Na ocasião, a empresa contratada, como já referido, foi a HKA BRASIL, por R$ 1,3 milhão. Ou seja, por mais uma coincidência, a DERSA já havia tentado contratar a ALVAREZ & MARSAL anteriormente (e recentemente) por preço muito acima do mercado!
Agora, em 2020, a história se repete: a DERSA tenta contratar a ALVAREZ & MARSAL por um preço exorbitante, sendo que impetrante está disposta e é forçada a instaurar litígio contra a DERSA para ter reconhecido o seu direito de fornecer os mesmos serviços por preço substancialmente menor.
A contratação da Alvarez & Marsal pela Dersa é, no mínimo, suspeita, como é suspeita a contratação de Sergio Moro pela Alvarez & Marsal, na condição de sócio-diretor.
Além da OAS, a Alvarez & Marsal assessorou a Odebrecht, empresa que também foi arruinada pela Lava Jato, operação que teve em Moro uma peça-chave. Sem ele, não haveria a força tarefa.
É conhecida a relação de Doria com Moro desde que a Lide (hoje presidida pelo filho do governador) contratava o então juiz para palestras, no Brasil e também fora do Brasil.
Doria ficou milionário com a Lide, que organizava eventos para aproximar empresários de autoridades públicas.
Além disso, a Dersa não é estranha no universo da Lava Jato.
A empresa foi citada no curso das investigações em Curitiba e alvo de mandados de busca e seus ex-diretores, de mandado de prisão, como Paulo Preto.
No início, a investigação contra a Dersa era conduzida por Curitiba, mais tarde o caso foi transferido para o núcleo da Lava Jato em São Paulo.
Doria também foi beneficiado pela Lava Jato em sua primeira eleição, para prefeito de São Paulo.
Duas semanas antes do primeiro turno, Deltan Dallagnol & cia. protagonizaram o infame espetáculo do power point, em que, mesmo sem provas, Lula foi apresentado como chefe da quadrilha.
A notícia teve impacto eleitoral no Brasil todo, especialmente em São Paulo, que, pela primeira e única vez, teve a escolha de prefeito definida em primeiro turno.
Alvarez & Marsal, governo Doria, Lava Jato e Sergio Moro seriam elos da mesma corrente?
A conferir.
JOAQUIM DE CARVALHO ” DIÁRIO Do CENTRO DO MUNDO” ( BRASIL)
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