Na cidade alemã de Barmen, há 200 anos nascia o segundo gigante da teoria revolucionária da sociedade e que formula a tática e a estratégia do proletariado mundial: Friedrich Engels. Era dois anos mais jovem que seu inseparável amigo de 40 anos, Karl Heinrich Marx, ele nascido em Trier na mesma Alemanha.
Engels conheceu Marx quando tinha apenas 22 anos. E Marx, com 24 anos, já era famoso em toda a Europa por seus artigos de juventude na Gazeta Renana. Conversaram horas a fio. Foi, como se diz, paixão à primeira vista. Saiu tão impressionado que lhe compôs um poema, que poucos livros de sua biografia publicam:
“Quem vem a seguir, com rebelde impetuosidade?
Um sujeito moreno de Trier, marcante monstruosidade.
Não salta nem pula, mas ainda em marcha acelerada,
Esbravejando à larga. Como que a agarrar e a puxar
Para a terra a espaços tenda do firmamento,
Escancara os braços e os estende para o céu.
Brande o punho severo, vocifera com ar frenético,
Como se dez mil demônios o agarrassem pelos cabelos”
(WHEEN, Francis, “Marx, uma biografia”, p. 42).
Essas palavras, de significado profundo, mostram o amor a um dos maiores homens da história humana – se não o maior. A partir daquele momento, até a morte de seu amigo inseparável, eles conviveriam quase que diuturnamente juntos, nas lutas, nos debates, nos embates intelectuais.
Engels escreveu com Marx – ou até sob supervisão dele – grandes obras de estudo da sociedade, já sob a visão socialista, revolucionária proletária. Engels foi seu mecenas em boa parte da vida, em função das agruras vividas pela família Marx, que dedica-se todas as horas do dia às pesquisas, leituras, estudos e escrita de sua teoria que revolucionaria o pensamento humano na interpretação a fundo do sistema capitalista.
Engels era filho de uma família abastada. Seu pai queria que ele tocasse os negócios da família – indústria têxtil na cidade de Manchester, Inglaterra – o que ele jamais aceitou. Divergia inclusive da forma como o pai administrava o negócio, ficando sempre ao lado dos trabalhadores da empresa.
Marx morreu jovem, aos 65 anos. Conseguiu em vida publicar apenas o volume 1 de sua obra magna, que é “O Capital”. Coube a Engels, nos 12 anos que lhe restaram depois da morte do amigo, editar os volumes 2 e 3 de “O Capital”. Apenas ele – e com dificuldade – entendia a letra horrível do “mouro”. Foi de uma fidelidade canina aos manuscritos originais, ainda hoje preservados no Instituo Marx e Engels na Alemanha, reunidos no projeto denominado MEGA. Optava por discretas notas de rodapé para tentar aclarar algumas passagens da teoria econômica marxista nos dois volumes que ficaram sob sua responsabilidade.
Quando da morte de Marx, Engels discursou diante de seu túmulo no cemitério Highgate em Londres, que começa com a seguinte frase: “A 14 de Março, um quarto para as três da tarde, o maior pensador vivo deixou de pensar. Deixado só dois minutos apenas, ao chegar, encontrámo-lo tranquilamente adormecido na sua poltrona — mas para sempre”. Emocionante mesmo!
E prosseguiu: “O que o proletariado combativo europeu e americano, o que a ciência histórica perderam com [a morte de] este homem não se pode de modo nenhum medir. Muito em breve se fará sentir a lacuna que a morte deste [homem] prodigioso deixou”.
E, ao final, anuncia: “O seu nome continuará a viver pelos séculos, e a sua obra também!”. E vive até os dias atuais. Engels jamais aceitou que a teoria criada por Marx levasse o seu nome também. E do alto da maior humildade intelectual, dizia – e o fez várias vezes por escrito – que coube a ele apenas algumas passagens, alguns retoques, alguma formulação. Mas, a denominação da corrente de pensamento como “marxista” estava perfeitamente correta.
Engels faleceu em Londres aos 75 anos, deixando uma vasta obra individual e muitos livros escritos com o grande Karl Marx.
Nós, seguidores do pensamento marxista e de Engels, e de tantos outros que os sucederam como Lênin, Stálin, Mao entre outros, reverenciamos e reverenciaremos eternamente a sua memória por séculos!
Que seja eterna a memória de Friedrich Engels, teórico do proletariado revolucionário internacional!
Viva Friedrich Engels!
LEJEUNE MIRHAN ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)
Sociólogo, Professor (aposentado), Escritor e Analista Internacional. Foi professor de Sociologia e Métodos e Técnicas de Pesquisa da UNIMEP e presidente da Federação Nacional dos Sociólogos – Brasil