No momento em que escrevo, o placar das eleições para a presidência dos Estados Unidos aponta 264 para Biden e 214 para Bolsonaro. Perdão, 214 para Trump. Confundi o comandante gringo com o seu capitão. Agora, esse é o placar. Mas Biden lidera em Nevada e, se ganhar lá, leva os 6 delegados do Colégio Eleitoral que faltam para vencer a eleição. 270 nas próximas horas.
Comentaristas políticos têm sussurrado que a estas horas, lá no Planalto, o clima é depressivo, de cinza, o que é natural para quem sempre achou que essa história de clima era marxismo de floresta. Então, já é tempo de Bolsonaro e ministros começarem a ouvir com muita atenção os avisos que vieram de Joe Biden para o Brasil. Assim, quando o democrata que assumirá a presidência declara que Trump “cobriu os EUA de escuridão por muito tempo, muita raiva, muito medo, muita divisão”, o mais sensato é ouvir nisso uma clara indireta, ou direta já, pois o que se aplica à extrema-direita lá, com mais propriedade se aplica à extrema-direita do lado de cá. Ou seja, para não ter que desenhar para o presidente brasileiro entender:
“Bolsonaro cobriu o Brasil de escuridão por muito tempo, muita raiva, muito medo, muita divisão”.
Perfeito, não?
E Biden continua com os seus avisos nada cifrados, para todos que babam os sapatos de Trump:
“Serei um aliado da luz, não da escuridão. É hora de nós, nós, o povo, ficarmos juntos e não cometermos erros. Juntos, podemos nos recuperar dessa temporada de escuridão nos EUA”. Ou seja: fora, servidores das trevas: fora, Bolsonaro.
E de modo preciso, como só a inteligência da democracia no mundo compreende, Joe Biden avisa:
“Esta é uma eleição de mudança de vida que determinará o futuro da América por muito tempo”.
Traduzindo para o ministro das relações inferiores: esta é uma eleição que determinará o futuro por muito tempo, até no Brasil. Pois não? Se o presidente bate continência para a bandeira dos Estados Unidos, então é natural que se recolha à sua insignificância de servo de Joe Biden, sem dúvida.
E fala mais Joe Biden para Bolsonaro:
“O atual presidente falhou em seu dever mais básico para com esta nação. Ele falhou em protege a população. Ele falhou em proteger o país. E, meus companheiros, isso é imperdoável”, Bravos! É certo que ele se dirigiu ao presidente no poder de lá, mas com Bolsonaro o que se dirige para lá, se atropela com mais acerto para o lado de cá. Portanto, erro nenhum na tradução. Biden é claro e certeiro:
“Essa tragédia não era para ser tão grande”
E finalmente, este nocaute em forma de discurso:
“Injustiça econômica, injustiça racial, injustiça ambiental. Eu ouço suas vozes. Se você ouvir, pode escutá-las comigo também”
Canta Alceu Valença:
URIANO MOTA ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)
Autor de “Soledad no Recife”, recriação dos últimos dias de Soledad Barrett, mulher do Cabo Anselmo, entregue pelo traidor à ditadura. Escreveu ainda “O filho renegado de Deus”, Prêmio Guavira de Literatura 2014, e “A mais longa duração da juventude”, romance da geração rebelde do Brasil