TRUMP TROUXE DE VOLTA AOS EUA O CAPITALISMO DE COMPADRE

Crédito da imagem: FT

É interessante colocar o governo Trump dentro da ótica que acompanha crescimento, apogeu e queda das grandes potências. A queda começa a ocorrer quando se dilui o sentimento de coesão nacional e falta clareza sobre interesses nacionais objetivos.

Nesses tempos em que novamente a economia mundial está dividida entre duas grandes potências, os Estados Unidos enfrentam a China tendo no seu comando o mais anacrônico presidente da República da era moderna.

De um lado, tem-se a China definindo planos quinquenais, sabendo identificar as melhores ferramentas do Estado e do mercado para sua expansão, e consolidando seu poderio com o uso racional de todas as ferramentas – política industrial, diplomacia, estímulo à inovação,

De outro, tem-se nos Estados Unidos um presidente que, segundo Anne Krueger, ex-economista chefe do Banco Mundial, implantou uma prática – o capitalismo de compadres – existente apenas em países em desenvolvimento.

Guerra comercial, incentivos fiscais, acordos comerciais, restrições às importações, tudo tem sido conduzido por ele visando proteger aliados e setores específicos, muitos vezes grandes contribuintes das campanhas do Partido Republicano.

Nos últimos dias, reportagens da mídia local, mostraram evasão fiscal praticada por ele, assim como o alto endividamento das empresas do grupo e a aproximação com dirigentes estrangeiros que poderão ajudar nos negócios pessoais do grupo.

Além disso, há um amplo processo de barganha com os financiadores de campanha. Trump procedeu à consolidação de monopólios, incentivos fiscais, proteção contra importações e isenções tarifárias, não estendidas a seus concorrentes, conforme denúncias de Krueger.

O maior exemplo foi o envolvimento pessoal direto de Trump contra a Tik Tok, empresa chinesa de mídia social. Primeiro, solicitou uma revisão da segurança nacional sobre as operações da empresa nos EUA. Depois, declarou que a baniria, se não fosse adquirida por uma empresa americana. Durante algum tempo, pareceu apoiar a oferta da Microsoft de comprar a empresa. Depois, endossou um acordo pelo qual a Oracle e a Walmart adquiriram participação minoritária na empresa.Leia também:  Porque o conselho de Mike Pompeo não será seguido pelo Brasil, por Luis Nassif

Por aqueles dias, Larry Ellison, da Oracle, doou US$ 250 mil para um comitê de ação política da senadora Lidsey Graham, de Carolina do Sul, um dos aliados mais próximos a Trump.

Não ficou nisso. Em 2016 e 2017 pressionou a Fort Motor Company para cancelar planos de abrir uma fábrica no México. Bíblia do capitalismo mundial, The Economist taxou de “vergonha absoluta” as ameaças de Trump.

Em outro episódio, Trump anunciou ter convencido a FoxConn a investir US$ 10 bilhões em Wisconsin, criando milhares de empregos em troca de incentivos fiscais. Nada aconteceu e recentemente a Foxxcon anunciou mudanças de planos.

O compadrio se dá até na administração de licenças de importação. Em 2018 Trump implantou uma taxa de 25% sobre o aço importado e, ao mesmo tempo, lanou um programa para que empresas solicitassem isenções individualmente. Com a medida, favoreceu algumas empresas em detrimento de outras.

A guerra comercial de Trump visou apenas aquecer o apetite dos lobbistas de Washington, conforme denunciou o The Washington Post. E, na guerra comercial com a China, tem escolhido vencedores e perdedores, ao decidir quais commodities incluir.

É interessante colocar o governo Trump dentro da ótica que acompanha crescimento, apogeu e queda das grandes potências. A queda começa a ocorrer quando se dilui o sentimento de coesão nacional e falta clareza sobre interesses nacionais objetivos.

É nesse caldo de ignorância cívica que Trump prosperou e, no Brasil, criou um seguidor do nível de Jair Bolsonaro.LEIA TAMBÉM:  TRUMP DIZ QUE AS MULHERES GOSTAM DELE PORQUE ELE MELHOROU A PRESSÃO DA MÁQUINA DE LAVAR LOUÇA

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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