A República, como se sabe, é formada por poderes autônomos, independentes e “que se aturam”.
A entrevista da parelha Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, montada assim mesmo, de dobradinha para ser “a voz do Poder Legislativo” é a maior prova que não existem mais resquícios de institucionalidade no Brasil.
Estamos, para usar as expressões em voca, metidos numa balbúrdia, numa bagunça em que, por onde for que se olhe, percebe-se a sede de usurpação dos poderes.
Jair Bolsonaro quer conduzir o Congresso à base de pressões de sua matilha. Tuítes sobre tuítes, açula sua matilha contra os parlamentares, exigindo que votem o que ele quer, na hora em que ele quer (preferencialmente a última, para que possa apontar a dramaticidade de atendê-lo).
O Legislativo – ou Maia e Alcolumbre pretendendo falar por ele – querem construir um programa de governo dentro do Congresso, algo totalmente impensável no regime presidencialista. Programa de governo pressupõe unidade de pensamento em quem tem de executar as ações de governo e o parlamento se guia e se expressa pela pluralidade de visões.
Como se não bastasse, o minúsculo Dias Toffoli, presidente do Supremo, larga mão das suas funções de julgar e passa a propor um pacto entre os poderes. Salvo em matérias que envolvam a melhor prestação jurisdicionais (o que depende de leis e de verbas) não há o que tratar em petit commité entre os três poderes, pois os juízes se etornam parte e, portanto, impedidos de examinar os atos executivos ou legislativos que daí venham.
Com o barco à deriva, fortemente adernado a estibordo, rumando sem controle para a tempestade da crise, todos correm a se proclamarem capitão.
E o único que temos, o ex, não tem a menor noção do que faz, é um incapaz destes dignos de interdição.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)