MEGAINVESTIGAÇÃO REVELARÁ 2 TRILHÕES DE DÓLARES EM MOVIMENTAÇÕES SUSPEITAS NO PRÓXIMO DOMINGO

Investigação reuniu mais de 400 jornalistas em 88 países, coordenados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas InvestigativosICIJ

Em 110 veículos de 88 países

São 400 jornalistas envolvidos

Poder 360 participou da apuração

Uma investigação internacional que durou 16 meses e envolveu mais de 400 jornalistas, de 88 países e 110 meios de comunicação, revelará no domingo (20.set.2020), a partir das 14h, que ao menos US$ 2,09 trilhões em operações suspeitas passaram por grandes bancos internacionais.

Parte dessas operações envolveu traficantes, terroristas, ditadores e políticos corruptos.

A apuração partiu de 1 vazamento de documentos ultrassecretos de 1 braço do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, a Fincen (Rede de Combate aos Crimes Financeiros).

A FinCen é uma agência que atua contra a lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo. No Brasil, o equivalente aproximado seria o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), do Ministério da Economia. Só que nos EUA a FinCen é mais abrangente e tem muito mais poder.

O pacote de documentos sigilosos foi obtido pelo BuzzFeed News, dos EUA, e compartilhado no resto do mundo pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês). Vem daí o nome do projeto, FinCen Files (Arquivos Fincen). Esses documentos são enviados pelos bancos às autoridades norte-americanas sempre que consideram haver suspeita a respeito de uma transação.

O trabalho de investigação durou 16 meses. A coordenação coube ao ICIJ, entidade com sede em Washington D.C., que já revelou grandes escândalos internacionais como o Panama Papers, o Swiss Leaks e o Luanda Leaks.

No Brasil, participam da investigação este jornal digital Poder360, a revista piauí, a revista Época (do Grupo Globo). As reportagens começam a ser publicadas em todo o planeta, ao mesmo tempo, por todos os veículos associados, às 14h deste domingo (20.set.2020), no horário de Brasília.

De acordo com o BuzzFeed News, que obteve os documentos em 1ª mão e propôs a investigação conjunta com o ICIJ e seus parceiros, uma parte dos registros foi reunida durante a investigação do Congresso dos EUA sobre a interferência da Rússia nas eleições norte-americanas. Outra parte veio de pedidos feitos à FinCen por instituições de combate à corrupção.

Os 2.100 relatórios de operações suspeitas investigados citam ao menos 170 países. As nações com mais endereços citados são:

  • Reino Unido (642);
  • Estados Unidos (520);
  • Ilhas Virgens Britânicas (424);
  • Rússia (367); e
  • Chipre (331).

Dos US$ 2,09 trilhões de operações suspeitas, ao menos US$ 515 bilhões envolveram valores em ouro.

Entre as outras organizações jornalísticas que participam do projeto estão a BBC britânica, a rede de TV NBC, dos EUA, os jornais Le Monde, da França, Asahi Shimbum, do Japão, e a revista L’Espresso, da Itália.

OUTRAS APURAÇÕES DO ICIJ

Poder360 também participou de outras apurações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos nos últimos anos. Saiba quais:

HSBC-SWISSLEAKS

Em 2015, o jornal digital (que na época se chamava Blog do Fernando Rodrigues, no UOL) publicou uma série de reportagens sobre o caso HSBC-SwissLeaks, uma investigação sobre contas secretas mantidas no HSBC da Suíça. Clique aqui para ler tudo que foi publicado sobre o assunto.

PANAMA PAPERS

Apuração jornalística do acervo de cerca de 11,5 milhões de arquivos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, especializado em abrir empresas offshore em paraísos fiscais.

A base de dados englobava o período de 1977 a dez.2015. Foram descobertas 107 offshores relacionadas à Lava Jato na investigação. Saiba tudo que foi publicado pela reportagem aqui.

Não é ilegal brasileiros serem proprietários de offshores, desde que devidamente declaradas à Receita Federal, no caso de cidadãos que têm domicílio fiscal no Brasil. Empresas que mantêm subsidiárias em outros países precisam declará-las em seus balanços financeiros.

Banco Central também deve ser informado anualmente caso pessoas residentes no Brasil mantenham ativos (participação no capital de empresas, títulos de renda fixa, ações, depósitos, imóveis, dentre outros) com valor igual ou superior a US$ 100 mil no exterior. Se o montante for igual ou ultrapassar os US$ 100 milhões, a declaração deve ser trimestral.

BAHAMAS LEAKS

Série de reportagens sobre empresas registradas no paraíso fiscal das Bahamas no período de 1990 a 2016. Os dados foram obtidos pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung e compartilhados com veículos de todo o mundo. O acervo, de 38 gigabytes, contém 1,3 milhão de documentos sobre mais de 175 mil offshores.

Os documentos revelaram uma rede de empresas offshore de líderes do cenário político mundial. Entre os nomes encontrados estão:

  • Mauricio Macri – holding da família do atual presidente da Argentina;
  • Neelie Kroes – ex-comissária da União Europeia de 2000 a 2009;
  • Amber Rudd – secretário do interior do Reino Unido;
  • Ian Cameron – pai do ex-primeiro ministro britânico David Cameron;
  • Marco Antonio Pinochet – filho do ex-ditador Augusto Pinochet;
  • Carlos Caballero Argáez – ministro de Minas e Energia da Colômbia de 1999 a 2001;
  • Sani Abacha – filho do presidente da Nigéria;
  • Sheikh Hamad – ex-ministro do Exterior do Qatar.

Grandes empresários, 1 dos fundadores do Partido Novo e 1 ex-presidente do BNDES estavam entre os brasileiros donos de empresas offshore nas Bahamas. Leia aqui.

PARADISE PAPERS

Em 2017, o Poder360 e os parceiros do ICIJ debruçaram-se sobre 13,4 milhões de arquivos de 2 escritórios especializados em abrir offshores, Appleby e Asiaciti Trust, e em bancos de dados de 19 paraísos fiscais.

A apuração expôs laços entre o bilionário secretário de Comércio do governo Donald Trump e a Rússia; negociações secretas entre o chefe de arrecadação da campanha do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau; e as vantagens obtidas em paraísos fiscais pela rainha da Inglaterra e outros pelo menos 120 políticos ao redor do mundo.

No Brasil, a série de reportagens mostrou que o então ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), era beneficiário final de uma companhia aberta nas Ilhas Cayman em 2010 pela sociedade firmada entre uma de suas empresas e a gigante holandesa Louis Dreyfus. O então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, criou uma fundação nas Bermudas para gerir sua herança. Chama-se Sabedoria Foundation. No mundo dos paraísos fiscais, trata-se do que tecnicamente se conhece como trust. A operação foi declarada à Receita Federal.

A investigação identificou também registros de offshores e trusts relacionados a empresas de comunicação brasileiras. Entre elas, a Editora Abril e o Grupo Globo. Leia aqui as reportagens da série jornalística.

BRIBERY DIVISON

The “Bribery Division” (Divisão de Propina) foi uma investigação liderada pelo ICIJ em 2019 que revelou que a operação de fraudar licitações para obter 1 contrato era ainda maior do que a Odebrecht assumiu perante a Justiça. A apuração mostrou que o processo envolveu personalidades proeminentes e grandes projetos de obras públicas não mencionados nos processos criminais ou outros inquéritos oficiais.

Leia aqui os textos da série.

LUANDA LEAKS

A série de reportagens expôs em jan.2020 duas décadas de acordos corruptos que tornaram Isabel dos Santos, filha do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos, a mulher mais rica da África. O país, rico em petróleo e diamantes, é 1 dos mais pobres da Terra.

As reportagens tiveram como base documentos vazados fornecidos ao ICIJ pela Plataforma de Proteção de Denunciantes na África (PPLAFF, em inglês), grupo com sede em Paris. O conjunto contém e-mails, memorandos internos das empresas da família Santos, contratos, relatórios de assessores, declarações fiscais, auditorias privadas e vídeos de reuniões de negócios. Os documentos, em português e inglês, remontam a 1980, mas abrangem principalmente a última década.

Leia aqui os textos da série.

PUBLICADO PELO ” BLOG PODER 360″ ( BRASIL)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *