Logo cedo escrevi aqui que a história maluca de falar em moeda única Brasil-Argentina era um simples factóide.
Como era natural, caiu no ridículo, aqui e lá entre los hermanos.
Historinha para dar a impressão que algum dos dois governos tem algum plano econômico de largo alcance e que agora é tratada como se tiversse sido apenas uma ideia surgida assim, numa conversa de botequim.
O Ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne – que nem estava no encontro com Paulo Guedes e Jair Bolsonaro -, disse que é “apenas uma ideia sobre a qual conversamos”, embora estivesse no Japão, numa reunião do G-20.
Bolsonaro, porém, não se fez de rogado e disse que sua ideia é criar uma moeda única em todo o subcontinente sul-americano para barrar “aventuras esquerdistas”, voltando a apelar para metáforas matrimoniais, sua grande obsessão:
Perguntado se a ideia, atribuída ao ministro da Economia Paulo Guedes, seria aplicada em todo o continente, Bolsonaro afirmou que “essa é a ideia”. Bolsonaro disse ainda que a moeda comum poderia ser uma “trava em aventuras socialistas” no continente.
– Uma família começa por duas pessoas. A relação começou na Argentina, com o Paulo Guedes, e gostaria que outros países se preocupassem com isso também. Quem sabe fazer uma moeda única para a América do Sul?
A cloava mental desta gente trata de assuntos assim com uma olímpica irreponsabilidade. Uma bobagem, não é? A extinção da moeda nacional, a única forma efetiva de colocar amortecedores entre as pressões externas e o funcionamento da vida econômica de um país.
Mais ou menos como se encontrar com o vizinho do corredor e propor-lhe, de supetão, juntar os dois orçamentos domésticos e ainda dizer: quem sabe a gente não cham o prédio inteiro para fazer isso?
A coisa só não provocou danos sérios ao mercados porque, como é óbvio, as pessoas se acostumaram a não levar Jair Bolsonaro a sério.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)