CHARGE DE AROEIRA
Bedel: o termo caiu em desuso, sobretudo porque a função desapareceu, à medida em que as universidades deixaram de ser clausuras e perderam a necessidade de “inspetores” para zelar pela boa ordem do silêncio.
Ou seja, evitar, balbúrdias, algazarras, alvoroços, vozerio, escarcéus ou rebuliços, para ficarmos no tempo dos bedéis.
Mas, pensando bem, nem esta definição serve a Abraham Weintraub, a patética figura que ocupa o Ministério da Educação.
Um bedel “das antigas” jamais se prestaria ao papel de entrar numa sala de guarda-chuva aberto, cantarolando, para dar um aviso ou fazer um esclarecimento.
Havia, para manter-me nos tempos idos, a “liturgia do cargo”.
Weintraub, porém, tem uma virtude.
Sua figura patética exerce um estranho magnetismo.
Atrai para si toda a burrice nacional, ao mesmo tempo em que desfila em praça pública, como faz seu mestre Olavo, a caricatura da estupidez.
Na qual se expõe, nu e cru, o ódio ao pensar, ao saber, à liberdade de expressão e ao espírito humano que a Educação encarna.
Weintraub educa-nos pelo reverso. Ensina a desprezar a imposição, a razão absoluta, o dedurismo, as falas de conteúdo vazio.
Não tivesse o poder de arruinar financeiramente a univesidade, o ensino tecnológico e tudo o mais que está ao alcance da mão, seria, quem sabe, a figura ideal para explicar-nos o que não deve ser um educador.
Serve para mostrar como alguém que o colocou no cargo que deveria ser um os mais importantes para o Brasil, não pode ser um governante.
A causa da defesa da Educação não é um arranjo político: é real, material, calçada na dura condição de um sistema que cresceu, absorveu e incluiu milhões de jovens e agora se vê sem verbas e sem rumos.
Mas Weintraub acaba por cumprir, por sua imbecilidade, o papel de alegoria do monstro.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)