
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), têm discutido com empresários, políticos e juristas a formação de o que chamam “um cinturão de apoio às instituições” contra os ataques de bolsonaristas.
Maia e Moraes têm se encontrado regularmente em jantares na residência oficial da Câmara. Mas as conversas não ficam somente entre os dois. Empresários de peso, como Jorge Moll Filho, principal acionista da rede D’Or de hospitais, também foram chamados para essas conversas.
Jorge Moll é frequentador assíduo das listas de brasileiros incluídos no levantamento da revista Forbes sobre os homens mais ricos do mundo. Na última cotação da revista, figurou com uma fortuna de US$ 2,3 bilhões.
Tanto ao presidente da República como aos políticos em geral, nomes de peso do empresariado têm deixado claras suas preocupações com as consequências da instabilidade política sobre a economia do país, já abalada pela crise do coronavírus.
Os encontros de Maia e Moraes com empresários, juristas e políticos têm sido mantidos em sigilo para não alimentar teorias conspiratórias dos bolsonaristas de que seria um movimento pela derrubada do governo.
Mas o presidente Jair Bolsonaro já foi informado de sua ocorrência e é exatamente assim que ele avaliou: o parlamentar e o ministro do STF estariam urdindo, desde o início do ano, um plano para o impeachment do chefe do Executivo.
Daí porque Bolsonaro resolveu investir na formação de uma base parlamentar de apoio ao governo no Congresso, oferecendo cargos ao Centrão, maior bloco informal do Parlamento e que reúne partidos sem coloração ideológica definida mas com grande aptidão pelo poder.
Com sua movimentação, Bolsonaro acredita que obterá votos suficientes para barrar o impeachment e, também, para minar o poder de Rodrigo Maia na Câmara, evitando que ele eleja seu sucessor no comando da Casa a partir do ano que vem.
Cabe ao presidente da Câmara aceitar ou recusar o início da tramitação dos quase 50 pedidos de impeachment já apresentados ao Congresso.
A nomeação do deputado Fábio Faria (PSD-RN) como ministro das Comunicações foi um aprofundamento da estratégia de Bolsonaro. Não só porque o novo ocupante da pasta é filiado a um dos partidos do centrão, como também porque ele é um dos integrantes do círculo de deputados mais próximos de Rodrigo Maia.
Bolsonaro transferiu para o ministério de Fábio Faria a Secretaria de Comunicação da Presidência e nomeou o chefe do órgão, Fábio Wajngarten, como secretário-executivo da nova pasta. Com isso, acredita que estará mais informado sobre os movimentos do grupo de políticos que gira em torno do presidente da Câmara.
Por outro lado, para evitar uma maior aproximação entre Rodrigo Maia e empresários, o presidente tem minimizado declarações que possam ser taxadas de golpistas.
Mesmo porque a prisão de Fabrício Queiroz na casa de Frederico Wassef, advogado e amigo da família presidencial, diminuiu a margem de manobra de Bolsonaro no jogo do poder em Brasília.
O presidente sabe que os generais da ativa não aceitarão ser envolvidos pelas acusações contra o miliciano que assessorava seu filho e senador, Flávio Bolsonaro. Nessa hora, todo cuidado é pouco para evitar que os militares de alta patente se juntem a Rodrigo Maia e Alexandre de Moraes.
THALES FARIA ” SITE DO UOL” ( BRASIL)