Tudo é fake, tudo é uma piada, uma imensa irresponsabilidade, mas o genocídio é real.
No mesmo dia em que o Brasil registrava pela primeira vez mais de 1.000 mortes em 24 horas e já soma 18 mil óbitos e 271 mil contaminados pelo coronavírus, o presidente resolveu tripudiar sobre a tragédia em entrevista a um blog:
“Quem é de direita toma cloroquina; quem é de esquerda, tubaína”.
Bolsonaro prometeu e cumpriu mais um desatino. Por ordem do capitão, o general Eduardo Pazuello, comandante da tropa de ocupação no Ministério da Saúde, liberou a cloroquina para todos os estágios da doença, no mesmo dia em que a Organização Mundial da Saúde mais uma vez reafirmou a ineficácia do remédio, que vai matar mais gente.
E essa obsessão do presidente foi a única providência oficial que o governo tomou até agora para enfrentar a pandemia que se alastra pelo país, um verdadeiro genocídio, com os hospitais entrando em colapso em vários estados, a começar por São Paulo, que criou um feriadão de seis dias a partir de hoje, ultima alternativa encontrada antes de entrar em lockdown.
Depois de liberar o remédio milagroso, o próximo passo da escalada genocida é o disciplinado general Pazuello cumprir a ordem para liberar geral o comércio e os serviços, mandando todo mundo para as ruas e acabando com o isolamento social no pico da pandemia.
Em nenhum outro país do mundo civilizado se viu nada parecido.
Como se não tivesse nada mais importante para se preocupar, o presidente dedicou seu café da manhã de hoje para defenestrar Regina Duarte, a Viúva Porcina, aquela que foi sem nunca ter sido, após 60 dias de fritura.
Quarta a ocupar a Secretaria da Cultura em 17 meses de governo, não é o caso de perguntar por que ela saiu, mas por que entrou.
Deslumbrada como no dia da posse com o discurso do pum do palhaço, a ex-atriz saiu toda sorridente do Palácio da Alvorada porque já arrumou uma nova boquinha: vai comandar a Cinemateca Brasileira, que está prestes a fechar por falta de recursos, com salários atrasados e o acervo ameaçado.
De Viúva Porcina em Brasilia, agora Regina vai reencarnar a Rainha da Sucata, em São Paulo.
Regina, que assumiu no lugar de um certo Roberto Alvim, saudoso do nazismo, deverá passar o cargo para quem puxou o tapete dela, uma sub-celebridade de nome Mário Frias, galã de “Malhação”, que se ofereceu a Bolsonaro.
A cada mudança, o elenco ministerial piora, e o presidente já avisou que o general da Saúde “vai ficar lá por muito tempo”.
Nem na época da ditadura, tantos militares ocuparam o governo como agora. Tem “boquinha” para todos.
Quem é que vai tomar conta dos quartéis?
Vida que segue.
RICARDO KOTSCHO ” BALAIO DO KOTSCHO ” ( BRASIL)