Essas pessoas parecem seres encantadores, diz o manual. Superficialmente parecem pessoas extrovertidas, engraçadas e inteligentes, “Mas, debaixo disso, existe um tipo manipulador com um grande medo de mudanças”.
Ao assistir a entrevista de Regina Duarte na CNN, me deu certa nostalgia da adolescência, das namoradinhas da adolescência, das minhas filhas e neta de alguns anos atrás, mal saindo da adolescência. Havia todo um ritual para enredar o interlocutor, em geral meninos sem um décimo da sua esperteza. Os muxoxos, os movimentos graciosos do corpo – cantando “Prá frente Brasil” -, as encenações de “ficar brava” quando não se queria encarar temas delicados, seguido de um aceno charmoso para conquistar a simpatia do interlocutor.
Confesso que achava encantadora essa capacidade das adolescentes de enredar os rapazes, que ficavam sem saber se estavam bravas, de fato, porque no momento seguinte abriam a guarda, para voltar a fustigar depois. E, com arte e graça, fugiam dos temas espinhosos.
Mas, ali na entrevista, a “adolescente” era uma mulher de 72 anos. E, na frente dela, um entrevistador de uma sobriedade admirável. Um repórter menos maduro trataria de devolver a agressividade no mesmo tom. Mas Daniel Adjuto foi de um cavalheirismo à toda prova, procurando encerrar a entrevista quando se deu conta da perda de equilíbrio da entrevistada.
E aí me deparo com o chamado pânico da idade, a síndrome de Peter Pan.
Não se trata de um distúrbio mental, como algumas pessoas tentaram ver. Segundo os manuais de psicanálise, essas pessoas tem medo atroz de compromisso. Podem até assumir compromissos, mas vão vai aprofundar porque, em algum momento, abandonarão tudo para “serem livres”.Leia também: Ping pong: os governos podem emitir moeda sem risco para a economia?
Essas pessoas parecem seres encantadores, diz o manual. Superficialmente parecem pessoas extrovertidas, engraçadas e inteligentes, “Mas, debaixo disso, existe um tipo manipulador com um grande medo de mudanças”.
Segundo o manual, há maneiras de vencer a síndrome:
* Encarar a realidade.
* Estabelecer limites.
* Assumir a culpa.
* Deixar hábitos infantis de lado.
É um enorme desafio para quem se enredou nessas tramas da mente. Especialmente para quem, durante toda sua vida, ganhou o epíteto de “namoradinha do Brasil”. É possível que, assim como doenças respiratórias, em breve os manuais mencionem uma variante brasileira do Complexo de Peter Pan: o Complexo de Namoradinha do Brasil.
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LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)