O Brazil não merece o Aldir, o Brazil matou o Aldir.
Estou falando desse Brazil com ‘Z’, das elites tacanhas, do Bolsonaro, do Moro, desses militares retrógrados, saudosos da ditadura que manchou o Brasil de verdade. Ditadura que que Aldir combateu de peito aberto, lembrando de tanta gente que partiu num rabo de foguete daqueles anos de trevas e das viúvas dos que morreram covardemente torturados nos porões. Torturados por gente louvada por Bolsonaro, sob o comando dos iguais que o cercam.
Esse Brazil vinha torturando Aldir.
Esse Brazil matou Aldir por ignorar a doença terrível, por ser sádico e cruel com sua própria população.
Aldir não suportava a ignorância, o neofascismo, o Brazil colonizado, subjugado e ridicularizado perante o mundo. Aldir já não suportava o Brazil desde o golpe contra Dilma Rousseff, o golpe de punhos de renda, que só não o considera assim quem é mané, valendo-se da linguagem do povo, porque ele, Aldir, é quem fala gostoso o português do Brasil, como cantava Bandeira.
O Brasil de Aldir é o Brasil de Bandeira, o Brasil do povo, o Brasil do Almirante Negro, para quem este generalato que assessora o poder não serviria sequer para lhe engraxar as botas. O Brasil de Aldir é o Brasil do futebol, da pelada de rua, não o Brazil da CBF, da corrupção, do poder financeiro e dos jogadores marionetes. O Brasil de Aldir é o Brasil dos botequins, da feijoada, do carnaval do povo na rua.
Aldir continuará entre nós em cada copo de cerveja derramado nos botecos do Brasil, em cada pagode nos subúrbios cariocas, em cada rabada com agrião numa roda de samba, em cada uma das pequenas características da verdadeira identidade brasileira, que passa longe dos palácios, dos conchavos, da imoralidade e da vergonha que impera no Brazil de hoje.
O que seus algozes talvez não saibam é que Aldir é eterno e será cantado através dos tempos.
Estes que contribuíram para a sua morte têm um destino inexorável: a lata de lixo da História.
FERNANDO BRITO / MAIA PENA NETO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)