De todas as irregularidades que Jair Bolsonaro foi acusado por Sérgio Moro, só uma tem materialidade, embora todas devam conter verdade.
É a assinatura digital de Sergio Moro no ato de exoneração do delegado da Polícia Federal.
Todas as demais só servem, caso Bolsonaro negue, no padrão moro de “prova”, os da “convicção”. A não ser pela improvável presença de um gravador, este no padrão joesley, é a palavra de um contra a do outro.
No caso da assinatura, não.
Se a assinatura digital de Moro foi lançada no documento, trata-se de um mix de falsidade ideológica, falsidade de documento público e falsificação de sinal público.
Se não, pode ser alegado que o foi por hierarquia e, até, pela concordância vernal de Moro, que basta ser alegada.
Além do mais, não era necessária e, portanto, a não ser por má-fé ou “cagada” de algum auxiliar, o que poderia ser resolvido, de forma quase instantânea, por uma republicação eletrônica sem isso, o que bastaria para corrigir.
O que há, sem dúvida, torna inescapável um processo por crime de responsabilidade, do qual o procurador Augusto Aras não poderá espapar de pedir ao Supremo e este, imediatamente, concordar.
Bolsonaro anuncia uma entrevista para as 17 horas.
Virá chumbo grosso e muito grosso. Bolsonaro, mais que Moro, sabia do que o ex-juiz é capaz, inclusive, como já fez, gravar o próprio Palácio do Planalto.
Se é verdade que Bolsonaro lhe propôs uma ilegalidade grave ao ponto de arapongar, pessoalmente, investigações e relatórios da PF, só isso já era motivo para não querer servir a um potencial criminoso.
Moro pretende ser o herói do possível impeachment de Jair Bolsonaro. Como todo pavão, tem de tomar o cuidado de que não lhe vejam os pés.
Minha impressão é que, a partir das cinco, a palavra mentiroso será muito pronunciada.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)