O NAZISMO À BRASILEIRA

CHARGE DE MIGUEL PAIVA

Leio as manchetes: “Empresário sugere dar tiro no governador de AL para encerrar isolamento”. “Vai morrer gente? Vai morrer gente, diz Bolsonaro”. “No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar”. “Bolsonaro publica vídeo de pastor que o aponta como o escolhido de Deus para governar o Brasil”. “12 mil mortos é pouco para histeria, reafirma empresário”. “Bolsonaristas debocham da epidemia enquanto pessoas morrem”. “Madero, Havan, Girafas: empresários criticam medidas de combate à pandemia”. “Embalada por Bolsonaro, carreata antiquarentena teve carrões de luxo e bandeiras do Brasil”. “Bolsonaristas pedem intervenção militar para acabar com a quarentena”.

Salvacionismo, racismo, militarismo, messianismo, antiliberalismo, exaltação da violência e da morte, sectarismo, arianismo são características do nazismo e destes discursos acima.

Você já viu manchetes como essas em alguma parte do mundo? Se não, é bom refletir…

O Brasil, historicamente, é um dos países mais violentos do mundo.

Uma das maiores fake news que aprendemos nos “bancos escolares” é que o Brasil e seu povo são pacíficos. O povo, mais ou menos, porque a violência está espraiada em todos os cantos. E ser vítima da violência estrutural não justifica o uso da violência como forma de opressão àquele(a) que está numa condição “inferior”.

Em relação às elites, já comentei várias vezes: são e sempre foram de mentalidade escravocrata, salvo exceções.

Aqui, matar índio, preto, pobre, LGBT+, morador de rua, presidiário nunca foi problema. Tudo é naturalizado como “normal”, ou “porque Deus quis assim…” E a certeza na justiça seletiva.

Voltemos ao período do nazismo. Este país foi um dos que abrigou muitos nazistas, mesmo sendo este fato histórico escondido e negado pelos “autores da história oficial”. Gente que sempre considerou pobres, pretos, etc como “raça inferior” e cujo pensamento se associava facilmente ao modus operandi das elites de mentalidade e práticas escravocratas destas plagas.

Portanto, aqui havia solo fértil para esse tipo de gente e ideologia.

Em vários momentos da história, os nazistas enrustidos à brasileira mostraram sua cara.

Entre 1928 a 1938, uma Seção Brasileira do Partido Nazista funcionou sem ser incomodada pelo governo de Getúlio Vargas.

Durante a ditadura, gente com a mentalidade nazi se associou à chamada “linha dura” para patrocinar e financiar todo tipo de arbitrariedade.

Depois da chamada “abertura democrática”, um pacto entre elites – que não puniu os perpetradores de inúmeras violações aos direitos humanos -, os nazibrasileiros, já incorporados aos segmentos sanguinários da nossa sociedade, voltaram para dentro do armário. Mas, lá estavam…

Quem são e onde estão? Há uma turma “acima de qualquer suspeita”. São “gente fina”, “gente de bem”, “bons cristãos”, “fazedores de obras caritativas”; líderes de entidades “beneméritas e filantrópicas”, frequentadores das “altas rodas sociais”. E há outros totalmente despudorados, que pregam a morte e o assassinato de qualquer opositor com desfaçatez, ainda mais em tempos de redes sociais.

A partir de 2013, os nazibrasileiros foram lentamente mostrando, novamente, sua cara. (Lembremos, por exemplo, de algumas capas de certas revistas semanais…).

Com o bolsonarismo atuam sem nenhum pudor. Sentem-se protegidos e motivados. Afinal, olham no Planalto e têm o exemplo do “padrinho”: um exaltador da tortura, da violência e da morte. Estão confortados e consolados.

ROBSON SÁVIO REIS SOUZA ” BLOG 247″ ( BRASIL)

Doutor em Ciências Sociais e pós-doutor em Direitos Humanos

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