Presidente foi à manifestação
Congressistas reprovaram atitude
O presidente da República, Jair Bolsonaro, rebateu críticas dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, e os convidou para ir às ruas. Em meio ao surto da covid-19, doença causada pelo coronavírus, os congressistas reprovaram a iniciativa do chefe do Executivo de ir à manifestação que foi realizada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF).
Bolsonaro teve contato com apoiadores que estavam no local. Uma das críticas do protesto é à atuação do Congresso Nacional. Em entrevista à emissora CNN Brasil no Palácio do Alvorada, o presidente afirmou que os políticos têm responsabilidade com o povo e devem ser “quase que escravos da vontade popular”.
“Prezado Davi Alcolumbre. Prezado Rodrigo Maia. Querem sair às ruas? Saiam às ruas e vejam como vocês são recebidos”, disse Bolsonaro.
O presidente convidou os 2 congressistas para uma reunião nesta 2ª feira (16.mar.2020) no Palácio do Planalto ou no Congresso para conversar sobre pautas de interesses da população.
“Se nós chegarmos a um bom entendimento e partimos para uma pauta de interesse da população, todos nós seremos muito bem tratados, reconhecidos e até idolatrados na rua. É isso que eu quero. Eu não quero eu aparecer e eles (Maia e Alcolumbre) não. Muito pelo contrário”, disse. “Vamos deixar de lado qualquer picuinha que porventura exista. O Brasil está acima de nós 3”, completou.
O presidente também disse o seguinte: “Sabemos que as aglomerações de pessoas” podem ser 1 “risco seríssimo” e que a propagação do coronavírus pode se dar “de forma bastante grave em nosso país”.
Eis os principais trechos da entrevista:
Bolsonaro: “Nós sabemos que esse movimento não veio de iniciativa minha. Vinha sendo marcado, de forma espontânea, por parte da população cansada de desmandos. Cansada de ver certas coisas que não fazem bem para a coisa pública, por exemplo, partilha de R$ 15 bilhões, onde o orçamento quem tem que executar é o presidente da República. O Parlamento vota o orçamento, desloca os recursos de um lado para outro, aprova, sanciona e cumpre. E não dessa forma como foi conduzido. O que aconteceu: na 5ª feira eu disse que esse movimento teria que ser repensado porque tem um fato novo no mundo, que é o coronavírus e pode realmente ser fatal para pessoas debilitadas e pessoas idosas. E assim foi meu pronunciamento. O povo resolveu ir às ruas. E eu resolvi ver o que estava acontecendo aqui na Esplanada. Passei de carro, não parei e depois fui para a Presidência da República (Palácio do Planalto). Dali de dentro, o povo se aglomerou na frente e eu fui conversar com o povo. Tirei fotografias, trocamos ideias e informações. Agora, sabemos que com as aglomerações de pessoas realmente corre 1 risco seríssimo desse deflagrar de forma bastante grave em nosso país. Agora, é uma realidade. Você vê os ônibus e metrôs cheios. Estádios de futebol. O Carnaval foi uma coisa inacreditável, o que aconteceu. Agora, é um vírus que você vai ter que enfrentar mais cedo ou mais tarde. Temo pelo pior, sim. Agora, em momento nenhum como alguns, irresponsavelmente querem colocar a culpa em mim, por esse movimento agora. Não justifica isso daí. E essas pessoas querem se esconder, com toda certeza lançar uma cortina de fumaça, sobre o seu trabalho que não está sendo reconhecido por parte da população”
Repórter: Presidente, o senhor ficou preocupado em manter contato com as pessoas na frente do Palácio do Planalto?
Bolsonaro: “Não, eu não estou preocupado com isso. Eu tomo as minhas devidas precauções. Agora, é o povo. Eu sou o presidente da República e da população brasileira. Estive do lado deles. Isso daí, com toda certeza, muitos pegarão isso (covid-19) independente até dos cuidados que tomem. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Devemos respeitar, tomar as medidas sanitárias cabíveis, mas não podemos entrar numa neurose como se fosse o fim do mundo. Outros vírus muito mais perigosos como esse aconteceram no passado e não tivemos essa crise toda. Com toda certeza, há 1 interesse econômico envolvido nisso tudo para que se chegue a essa histeria. Para ver no passado, 2009 e 2010 tivemos uma crise semelhante aqui e no mundo, mas, no Brasil, era o PT que estava aqui no governo e nos Estados Unidos eram os democratas. E a reação não foi essa como está havendo, nem sequer perto do que está acontecendo no mundo todo”.
Repórter: Houve críticas à sua saída hoje. Críticas indiretas do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e críticas diretas nas redes sociais do presidente (da Câmara) Rodrigo Maia. Como o senhor reage a isso?
Bolsonaro: “Eu gostaria que eles saíssem às ruas como eu. A resposta é essa. Nós políticos temos responsabilidade e devemos ser quase que escravos da vontade popular. Saiam às ruas, os 2 parlamentares. Respeito os 2, não tenho nenhum problema com eles. Estão fazendo as suas críticas, estou tranquilo no tocante a isso. Espero que eles não queiram partir para algo belicoso depois das minhas palavras aqui. Agora, prezado Davi Alcolumbre. Prezado Rodrigo Maia. Querem sair às ruas? Saiam às ruas e vejam como vocês são recebidos. Outra coisa: os acordos não têm que ser entre nós em gabinetes refrigerados. Tem que ser entre nós e o povo. Eu quero aproximação do Rodrigo Maia e do Alcolumbre, respeito os 2 parlamentares. O que está faltando para nós, como disse em mais de uma oportunidade? Se nós chegarmos a um bom entendimento e partimos para uma pauta de interesse da população, todos nós seremos muito bem tratados, reconhecidos e até idolatrados na rua. É isso que eu quero. Eu não quero eu aparecer e eles não. Muito pelo contrário. Estou disposto a receber os 2 aqui no (Palácio da Alvorada) ou se quiserem que eu vá no Parlamento eu vou com vocês 2 e vamos conversar. Vamos deixar de lado qualquer picuinha que porventura exista. O Brasil está acima de nós 3.”
HAMILTON FERRARI ” BLOG PODER 360″ ( BRASIL)