ROMEU ZEMA E PAULO GUEDES, O ENGODO DE CONFUNDIR GESTÃO PÚBLICA COM GESTÃO PRIVADA

As implicações políticas, legais, o fatos a envolver direitos e mexer com expectativas, cria um emaranhado que exige o domínio da arte da política.

Não há maior engodo do que acreditar que experiência no setor privado é condição suficiente para dar certo no setor público, especialmente em cargos de comando.

Novas ferramentas de gestão, uso de indicadores, definição de centros de custeio, definição de metas, são ferramentas de uso da iniciativa privada, imprescindíveis para a gestão pública. As esquerdas não podem se comportar como o inacreditável Cristovam Buarque que, quando governador do Distrito Federal, proibiu o mero uso da palavra “qualidade”, por ser um vocábulo neoliberal.

Mas condução e implementação de planos de governo são outros quinhentos.

As implicações políticas, legais, o fatos a envolver direitos e mexer com expectativas, cria um emaranhado que exige o domínio da arte da política.

Vamos a dois casos exemplares.

O primeiro, do governador Romeu Zema, de Minas Gerais, que até hoje não entendeu nada do exercício do cargo.

Pressionado pela PM, concedeu 45% de aumento para os policiais mineiros. Imediatamente deflagrou três movimentos de reação.

Internamente, greves de professores e outros funcionários públicos, sabendo que Minas atravessa uma crise brava e aumentos dessa natureza, para uma corporação específica, significará tirar qualquer possibilidade de reajuste para as demais.

Externamente, a pressão de outras PMs sobre seus respectivos governadores. Somado ao impulso que recebem da família presidencial, há uma crise em andamento se alastrando por todo o país.

Finalmente, a ameaça sobre todo programa de ajuste fiscal empreendido por estados e União.

O segundo caso é do Ministro da Economia Paulo Guedes.Leia também:  Ex-missionário nomeado para Funai é acusado de manipular indígenas e dividir aldeias

A função dos Ministros da Economia é a de viabilizar planos de governo. Bolsonaro não tem planos. E Guedes tem a visão ideológica dos fanáticos. Quer destruir o Estado esperando que do caos nasça uma nova ordem, fundada apenas no setor privado.

Em outros tempos, seria internado. Na era Bolsonaro + irracionalismo do mercado + cegueira da mídia recebeu gás até o limite da inviabilidade política e econômica de suas teses.

A economia está sem nenhuma das alavancas para recuperação – consumo das famílias, investimento privado, choque de crédito -, só poderia contar com o investimento público como elemento de recuperação.

Mas esse ideologismo terraplanista do mercado definiu que a recuperação dependia apenas do equilíbrio fiscal.

Como o objetivo de Guedes é a destruição final do Estado, vai cortando, cortando, derrubando os gastos, impedindo a recuperação da economia, obrigando a novos cortes, até cair de maduro.

Para implementar seu programa, há todo um manual de manipulação da opinião pública: campanhas maciças prometendo um futuro que nunca acontecerá. Se vier a reforma trabalhista, haverá empregos para todos; se vier a reforma da Previdência, haverá um futuro de abundância; e aí por diante.

Há um porém nessa estratégia: se o governo não entregar um mínimo de crescimento em horizonte visível, não haverá campanha que continue mantendo iludida a opinião pública, especialmente quando o mal-estar afeta a maioria da população.

O esforço ingente de transformar qualquer indicador positivo mínimo em prova de recuperação, não resistiu à dura realidade. Vem daí a informação de que Bolsonaro intimou Guedes a entregar ao menos 2% de crescimento – uma mixaria, depois das quedas dos últimos anos.Leia também:  Multimídia do dia

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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