O GENERAL ESPIÃO PROVA NA PELE O QUE FAZ COM OUTROS

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Augusto Heleno, fala à imprensa sobre a crise na Venezuela.

O general Augusto Heleno tornou-se protagonista de uma rara proeza. Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, responsável pelo serviço de inteligência e espionagem do governo, o ministro foi grampeado por uma live que transmitia uma cerimônia oficial pelas redes sociais do presidente. A voz do general Trata-se de algo muito parecido com uma Operação Tabajara.

Gravado no contrapé, o general Heleno soou acusando o Congresso de chantagista e insinuando com um palavrão que Jair Bolsonaro deveria resistir e mandar os parlamentares praticarem a autofornicação. A revolta do general foi atravessada na negociação entre Executivo e Legislativo para decidir quem manda no Orçamento da União para 2020.

Desprezados por Bolsonaro, deputados e senadores avançaram sobre orçamento. Querem gerir, por meio de emendas impositivas, R$ 30 bilhões de um total de investimentos que roça os R$ 80 bilhões. O Planalto tenta negociar, por meio do general Luiz Eduardo Ramos, seu coordenador político, um valor mais baixo. Algo como R$ 20 bilhões.

A resolução da encrenca foi adiada para depois do Carnaval. No momento, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, os presidentes da Câmara e do Senado, cuidam de atirar de volta, respondendo aos disparos de Augusto Heleno, que voltou à carga nesta quarta-feira. “Se desejam o parlamentarismo, mudem a Constituição”, escreveu no Twitter.

Às vésperas do Carnaval, o governo leva à avenida um desfile confuso. O enredo do PIB exuberante, anunciado no final do ano passado, parece destoar da realidade. O Planalto desfila com as fantasias do Exército. O presidente, puxador do samba, introduz na letra cacos e improvisos que destoam do refrão das reformas: defesa de miliciano, ofensas a jornalistas, embate com governadores.

É contra esse pano de fundo que o general Heleno, que deveria zelar pela harmonia da escola, invade a comissão de frente disparando a esmo contra a ala do Congresso. Tudo isso e mais um foco de incêndio no carro alegórico do Posto Ipiranga. Num ambiente assim, tão caótico, a atmosfera de cinzas chega antes da Quarta-feira. 

JOSIAS DE SOUZA ” SITE UOL” ( BRASIL)

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