Sergio Moro conseguiu um feito inédito: discursou para falar de caveira e elogiar o Bope numa festa de casamento. Foi ontem, em Brasília, na cerimônia da deputada de extrema direita Carla Zambelli, do PSL de São Paulo, que se casava com o coronel Antônio Aginaldo de Oliveira.
Hastearam a bandeira, cantaram o Hino, e Sergio Moro discursou, para saudar os noivos, os convidados e, acreditem, também o Bope:
“É uma guerreira (a deputada). Sem formação de policial militar, mas mereceria aqui uma medalha de caveira honorária do próprio especial do Bope”.
Elogios e agradecimentos ao Bope numa hora dessas? É razoável aproveitar uma festa de casamento para mandar um aceno à tropa que executou o capitão miliciano Adriano da Nóbrega na Bahia? Sorrisos, civismo, hino, Bope, caveira (o símbolo da tropa), em meio a convidados do mundo do reacionarismo, e valsa, claro. O ex-juiz dançou com a mulher, Rosangela.
Que combinação para uma festa de casamento. É coisa de filme de Scorsese. O ex-chefe da Lava-Jato, que circulava com os bacanas tucanos, foi parar no antro do reacionarismo, que mistura terraplanistas, armamentistas e outras categorias agrupadas em torno do bolsonarismo.
Estavam lá a primeira-dama Michelle Bolsonaro, Abraham Weintraub, Ernesto Araújo, Regina Duarte e Fábio Wajngarten, o cara da Secom denunciado por liberar verbas para grupos ligados à sua empresa de comunicação.
Moro mostra todos os dias que está bem à vontade no meio dessa turma, mas há dois problemas. O pessoal das milícias, dos amigos de Bolsonaro ligados a Adriano, não deve ter gostado da saudação ao Bope. Não era hora de falar em caveira e agradecer à tropa de choque que executou o miliciano.
Sergio Moro pode estar avançando demais no terreno de Bolsonaro, que não apareceu na festa, e esse avanço é o segundo problema. Moro parece o guri extasiado com a bicicleta emprestada. A bicicleta com as caveiras ainda é de Bolsonaro. Ainda.
MOISÉS MENDES ” BLOG 247″ ( BRASIL)