O quinteto — três generais, um almirante e um major da PM — que emergiu no núcleo do Planalto após recentes demissões, transferências e convites, passados apenas 13 meses da posse, constitui o típico caso de um governo que tenta sair de um estado visível de ruína.
Para começar, a mensagem política. Do velho discurso contra a corrupção, alimento de Bolsonaro desde a fase parlamentar-baixo clero, sobrou apenas um cadáver contagioso — do capitão Adriano, arquivo dos negócios obscuros que acompanharam a família presidencial por anos a fio.
Dos ministros pomposos, aspones arrogantes e fanfarrões empossados em janeiro de 2019, sob o olhar delirante de 02 no banco traseiro do Rolls Royce presidencial, muito pouco restou.
Com horóscopo avariado, o guru pornográfico da Virgínia perde platéias e homens de confiança no Planalto enquanto o vice-presidente, alvo de seguidas humilhações, tentará assumir funções de bombeiro entre labaredas sociais, políticas e diplomáticas na Amazônia.
Incapaz de entender que, num país onde todos tem um pé na cozinha, não é possível humilhar a pobreza sem atingir o andar de cima, Paulo Guedes encontra-se na fronteira de um fracasso irreversível.
A cada dia que passa confirma-se que sua promessa de prosperidade nunca foi mais do que conversa fiada para enganar quem queria fazer o papel de bobo. O crescimento não veio e nem o Bolsa Família vai escapar da austeridade contra os pobres.
A diferença é que agora todos já sabem disso — e os mais atentos, como o presidente da FIESP, tentarão faturar com novas possibilidades de negócio que a velha miséria nacional não deixa de oferecer aos espertos e bem colocados.
A gringolândia e seus amigos tudo compram a preço de banana e para o povo só resta a casca. Bajulado baixo da linha da dignidade, Deus-Trump trata com violência e maus tratos aqueles brasileiros que foram atrás do único projeto inteligível de país de Bolsonaro já foi capaz de apresentar — tentar viver como se o Brasil fosse os Estados Unidos. O 03 pode ter guardado o boné da campanha (Trump 2020) mas não estará no cargo de embaixador do Brasil durante as eleições.
O chanceler Ernesto Araújo sobrevive porque fala pouco. Weintraub permanece porque está à altura da barbárie que Bolsonaro quer implantar na Educação, peça-chave em qualquer esperança de progresso real para a maioria dos brasileiros e brasileiras.
A marca bandida das milícias marcou os dois momentos seminais do calendário Bolsonaro: a execução de Marielle Franco e Anderson Gomes, em abril de 2018; o assassinato de Adriano da Nobre, no fim de semana.
Desde ontem, Bolsonaro é um governo que tenta mudar para que nada mude, receita segura para um novo fiasco.
Alguma dúvida?
PAULO MOREIRA LEITE ” BLOG 247″ ( BRASIL)