RODRIGO MAIA GOVERNA, ENQUANTO BOLSONARO TOCA A FESTA NO PLAY

CHARGE DE AROEIRA

Depois de transcorridos 400 dias desde que nos quedamos perplexos no day after daquele 28 de outubro, naturalizamos o mal. Tocamos a vida, como se o pão de cada dia fosse um fim único. Como se o entorno não nos dissesse respeito. Como se o outro fosse apenas isto, o outro, e só merecesse atenção para ser alvo da ira. E o que é isto, se não o primitivismo, o imediatismo, o conformismo?

Descrito o quadro, apenas reflexivo, e já trazendo a conversa para o cenário concreto é preciso nos determos em alguns fatos. O mais gritante: Rodrigo Maia (DEM-RJ) está no poder. Com apoio de Davi Alcolumbre (DEM-AP) toca o que há para tocar, de interesse dos liberais, de comum acordo com o ministro Paulo Guedes, o pau-mandado do mercado financeiro. A saber, as reformas administrativa e tributária, e mais o que necessitar para dar cara a um governo que tem à frente um “tuiteiro”, um “animador de festas infantis”.

Enquanto isto, vai ganhando pelas bordas a pauta política que deveria estar sendo tocada pela ala progressista, aviltada nos itens que sempre defendeu, a saber: a defesa dos direitos da classe trabalhadora, as reservas brasileiras, o meio ambiente, a defesa das estatais, a saúde, a educação, os diretos humanos… E tantos outros campos onde estamos perdendo de goleada.

Será extremamente vexaminoso para a esquerda, que Rodrigo Maia consiga tocar a formação de uma frente, congregando esse time que ele elencou para a Globo News: Luciano Huck, Ciro e Doria, a fim de anular a polarização entre Lula – ou o seu possível candidato – e Bolsonaro. Essa costura para tirar o país das mãos do “tuiteiro”, deveria estar sendo trabalhada pela ala progressista, e não pela direita elitista e liberal, que agora se apossa até mesmo do discurso da desigualdade, para morder um naco do seu eleitorado.

Os 47 milhões de votos recebidos pelo candidato petista, Fernando Haddad, é um capital que deveria estar sendo usado, neste momento, para o chamamento a um pacto contra o entreguismo e a destruição do país. E, no entanto, o que se vê é a festa no playground do Planalto correndo solta, enquanto a oposição come moscas e legitima a fraude de 2018. Um exemplo é o fato de não ter se antecipado ao pedido de impeachment de Abraham Weintraub, iniciativa de 28 deputados, liderados por Tabata Amaral (PDT-SP).

O outro, é fingir não perceber que a leniência de Bolsonaro com a corrupção de seus ministros nada tem de leniência, apenas. Tem a ver com o avanço do autoritarismo. Quando um presidente diz para a imprensa, humilhada diariamente, que fulano fica, que cicrano não é criminoso, e pronto, ele não está sendo só conivente. O que ele está nos dizendo é que as instituições estão à meia boca, que não há oposição que o enfrente e que os desmandos dele não têm e não terão limites. Sem oposição para denunciar, peitar e cobrar providências, o “tuiteiro” segue animando a festa no playground. E viva a turma da Xuxa!

DENISE ASSIS ” BLOG 247″ ( BRASIL)

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