O Enem de 2019 subiu no telhado. E só há duas alternativas para explicar o desastre: a incompetência do “imprecionante” ministro Abraham Weintraub ou a sabotagem deliberada do próprio ministro, que é um inimigo declarado da educação pública. Só nesta semana, Weintraub conseguiu cometer dois crimes. Em primeiro lugar, feriu o princípio da impessoalidade na administração pública, ao prometer a um seguidor de seu twitter que faria uma nova correção da prova de sua filha. Nesta manhã, supostamente por erro, o MEC divulgou as notas do Enem, desobedecendo a uma determinação judicial, que impedia que os alunos tivessem acesso aos resultados. Ou seja: houve vazamento ilegal.
Está criada, portanto, uma verdadeira balbúrdia na educação, que prejudica milhões de estudantes e também seus pais, que investiram tempo e dinheiro na sua educação, pagando escolas, cursinhos e os incentivando a estudar. Sem as notas do Enem, os estudantes não podem disputar as vagas no Sisu, que disponibiliza 237 mil posições nas universidades públicas. Também sem as notas do Enem, os estudantes não podem disputar as vagas do ProUni. Há, portanto, uma paralisação em série na educação. E o mais grave é que não há solução. Afinal, quem garante que Weintraub não estaria mudando notas de apoiadores nas redes sociais, assim como prometeu dias atrás no twitter? Nenhum resultado que venha a ser divulgado pelo Ministério da Educação terá credibilidade.
Weintraub, portanto, precisa ser urgentemente afastado do cargo, mas não apenas isso. É preciso também apurar responsabilidades e punir os responsáveis pela destruição de um sistema de ingresso nas universidades que era considerado seguro e absolutamente confiável. O Enem custa aos cofres públicos cerca de R$ 540 milhões por ano. Weintraub, que passou o ano tentando “lacrar na internet”, propagando erros de português, vídeos grotescos e preconceitos contra alunos e professores, também precisa ser responsabilizado financeiramente pelo desastre – e não apenas criminalmente.
Há um apagão na educação, assim como em várias outras áreas do governo, como, por exemplo, no INSS, onde mais de 2 milhões de brasileiros esperam na fila por seus benefícios. Em qualquer lugar do mundo, um desqualificado como Weintraub já teria caído. Mas o que faz Jair Bolsonaro? Diz que ele é um de seus mais competentes ministros. Se não será demtiido, terá que ser compulsoriamente afastado pela pressão de pais, alunos e da sociedade civil organizada, independemente da posição política.
LEONARDO ATTUCH ” BLOG 247″ ( BRASIL)