O DESCANSO DO GUERREIRO

Macaque in the trees
Antônio Guerreiro no arquivo do JB (Foto: Reprodução)

Morreu na manhã deste sábado (28), aos 72 anos, na Policlínica Geral de Botafogo, o fotógrafo luso-espanhol-brasileiro Antônio Guerreiro, que ficou famoso nos anos 70 e 80, quando suas fotos com as mais belas mulheres do país ilustraram as capas das principais revistas brasileiras. Antônio Guerreiro sofria de câncer e era casado com a estilista Maria Tereza Freire.

Filho de um rico empresário português, Antônio Guerreiro nasceu em Madri e morou no Marrocos, de onde veio para o Brasil com apenas cinco anos. O pai criou uma indústria em Juiz de Fora (MG), que lançou doces com figurinhas de jogadores de futebol. Aos 14 anos mudou-se para o Rio, para estudar, indo morar numa cobertura no Leme, que virou sua residência permanente. Pedrinho Aguinaga, eleito o “Homem mais Bonito do Brasil” nos anos 70, morou com Guerreiro alguns anos e diz ter aprendido com ele “alguns truques da arte da sedução”.

O estalo

Guerreiro cursava a faculdade de economia quando, em 1966, aos 19 anos, resolveu fotografar a namorada, baiana, herdeira de fazendeiros de cacau, com uma Rolleiflex. A empatia com a câmera foi imediata. Ao descobrir que tinha jeito para a arte, passou a fotografar jovens socialites cariocas. Ficou amigo do colunista espanhol Daniel Más e juntos, no “Correio da Manhã”, passaram a fazer trabalhos. Eram textos escandalosos ilustrados pelas belíssimas fotos de Guerreiro. Umas das matérias mais famosas foi uma reportagem com prostitutas da Lapa.

Seu trabalho era tão requisitado que o colunista Jacinto de Thormes, do mesmo jornal, registrou que deveria ter sido ele, Guerreiro, e não David Hemmings, a interpretar o fotógrafo que as beldades perseguiam no filme “Blow-Up”, de Michelangelo Antonioni, sucesso que logo o levou para a revista “Setenta” da Editora Abril. Embora de curta duração, a revista “Setenta” foi um marco na fotografia de moda no país. Ficou pouco tempo desempregado. Foi contratado por Adolpho Bloch para ser correspondente da Manchete em Paris, onde ficou por dois anos.

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Antônio Guerreiro na revista “Trip” (Foto: Reprodução)

De volta ao Rio, abriu o estúdio “Zoom”, ao lado da TV Globo, no Jardim Botânico, onde passou a fotografar os principais nomes da sociedade, do meio artístico, moda, etc., fazendo mais de 70 capas das principais revistas das maiores editoras e agências de publicidade.

Sedutor, teve uma carreira amorosa longa e variada. Viveu com a socialite Ionita Salles, que deixara o playboy Jorginho Guinle para ficar com el, casou-se em seguida com a atriz Sonia Braga e depois com Sandra Bréa. São também citadas como suas conquistas outras belas mulheres, como as atrizes Bruna Lombardi e Denise Dumont.

Em 1975, inaugurou o Studium, no Catete, onde passou a fotografar nus, tornando-se o principal fotógrafo da revista “Playboy”, local que funcionou até 1990. No final dessa década, os negócios do pai faliram, e ele fechou o estúdio. No término do século 20, as revistas de nus perderam circulação e qualidade. Seu acervo, com mais de 300 mil negativos e cromos, ainda merece ser explorado como retrato de uma época do Brasil e do mundo.

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O velório será amanhã (29), na sala 3 do Memorial do Carmo – Caju, das 9h às 11h45. A cremação será às 12h.

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Gal, Bethânia e Caetano pelas lentes do Guerreiro (Foto: Reprodução)
A cantora Maísa em foto de Antônio Guerreiro (Foto: Reprodução)
ELKE MARAVILHA
MAYSA

GILBERTO MENEZES CÔRTES ” JORNAL DO BRASIL” ( BRASIL)

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