Nunca antes um governo brasileiro esteve tão à altura, ou melhor, à baixeza de um Congresso e vice-versa como agora.
Nasceram um para o outro, eleitos na mesma “onda conservadora” que levou o capitão ao poder e o país para o buraco.
“Conservadora” é modo de dizer, porque não se trata de opção política ou ideológica, mas de um assalto orquestrado aos cofres públicos na divisão do butim.
Eles se entendem: só governam para eles, os amigos deles, e o país que se dane.
No mesmo dia, quarta-feira, deram mais dois golpes de mestre no Tesouro Nacional.
Para o Executivo, aprovaram a toque de caixa a reforma previdenciária mamão com açúcar dos militares, que vão ter aumento de salários e poderão se aposentar com salário integral, sem idade mínima. Em vez de cortar gastos, vão aumentar.
As guildas das grandes corporações do serviço público se protegem mutuamente, pois o Judiciário também já tinha garantido seus privilégios.
Ao mesmo tempo em que o Senado entregava todas as demandas dos militares, a Comissão do Congresso responsável pelo orçamento aprovava o relatório preliminar que aumenta para R$ 3,8 bilhões o fundo eleitoral para 2020.
Dinheiro para eles não é problema. Para garantir a mamata nas campanhas, o Congresso vai cortar do Orçamento recursos da educação, saúde e infraestrutura, que vão perder R$ 1,7 bilhão.
Chega a ser falta de humanidade. Vão cortar, por exemplo, R$ 70 milhões do programa Farmácia Popular, que oferece remédios gratuitos para a população de baixa renda, como informa a Folha.
Ao apresentar o relatório, o deputado Domingos Neto (PSD-CE) mentiu:
“Fizemos isso sem cortar de canto nenhum”.
A cara de pau dessa gente só se compara aos que prometeram uma “Previdência igual para todos”, que, ao final, vai tirar de quem ganha menos para garantir as mordomias do andar de cima.
Assinaram essa barbaridade representantes de 13 partidos, da esquerda à direita, que contam com 430 deputados e 62 senadores, garantindo a aprovação do bilionário Fundo Eleitoral.
Claro que o governo Bolsonaro não vai vetar esse assalto aos já minguados recursos da área social.
O capitão já lavou as mãos: “Geralmente, essas questões políticas é o Parlamento que decide”.
Não se trata de uma questão política, mas de escolha de prioridades.
É uma questão social, como mostram as revoltas populares nos países vizinhos, que tanto assustam os militares do governo.
Mas, para essa gente, em caso de alguma manifestação de protesto por aqui, a resposta nós já sabemos como será: tiro, porrada e bomba.
Enquanto eles se protegem nos palácios, a população sem emprego formal, sem assistência médica, com a educação e as estradas em frangalhos sobrevive como a dos países em guerra.
No Brasil, os vândalos estão no governo e no Congresso, não nas ruas.
Isso não tem como acabar bem.
Vida que segue.
RICARDO KOTSCHO ” BALAIO DO KOTSCHO” ( BRASIL)