Manchete da Folha,chamada de capa em O Globo, o embicamento para baixo da economia rumo à recessão aberta – camuflada já a temos, faz tempo – virou “palpite triplo” de loteria. nâo tem, infelizmente, como errar.
Vamos à metade do quinto mês de governo e não há qualquer sinal de mudanças na condução da economia.
Aliás, não há nenhuma mudança na condução de qualquer política publica, todo o programa deste governo é na base do “vire-se você”.
Exagero? No emprego, a “MP da Liberdade” cuida de facilitar a “viração” individual; na educação, o “homeschooling” – o ensino em casa, para quem pode – é a única coisa que se dedicam com paixão, na segurança pública, cada um que se arme…
Na economia, depois de terem levantado a reforma da previdência como pedra filosofal da recuperação, vai-se caindo na realidade de que já não há um governo com densidade política para aprová-la nos termos cruéis com que se a desenhou. Só o que “dá certo” – como sempre deu, verdade – é a especulação financeira. Investimento físico, produtivo, nem pensar, sem perspectivas de volta do consumo.
O fator determinante, porém, é que não temos governos, temos um amontoado de gente perdida, sem projetos, sem equipes e, pior, sem direção.
Não existe recuperação econômica sem projeto econômico. Até mesmo a ditadura militar, ao implantar-se, adotou um e, mal ou bem, o conduziu até meados dos anos 70, quando o abalo da economia mundial, com o choque do petróleo, tornou inviável a sua continuidade.
Nenhuma empresa ou capitalista, neste momento, porá dinheiro no país para recuperá-lo nos próximos anos. Como o Governo também não coloca – a taxa de investimentos públicos ficará abaixo de 0,5% do PIB, este ano – não existe com que a economia reaquecer-se. Mais: com o governo obrigando Bndes, Banco do Brasil e Caixa Econômica a lhe devolverem recursos, nem mesmo crédito teremos.
Agora some a isso o absoluto quadro de instabilidade e intriga que vem de um governo abarrotado de loucos, fanáticos e intriguentos e você terá a tempestade perfeita para a aceleração de um processo de crise que, ao ganhar velocidade, perde até mesmo a pouca previsibilidade que ainda tem.
Não se julgue alarmismo, mas um governo que, com menos de 150 dias, já chegou a este nível de descrédito não terá final feliz.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)