Bolsonaro colhe os erros de gerar crises e da política externa
Há fatores internacionais que contribuem para explicar o fracasso ontem do “megaleilão” do pré-sal. O mercado internacional tem muita oferta de Petróleo. A Arábia Saudita quer extrair até a última gota. Investidores viram risco grande na empreitada.
Mas um outro fator tem razão doméstica: a falta de confiança inspirada pelo presidente Jair Bolsonaro, que vive criando crises desnecessárias como forma de governar e manter mobilizada a sua base política de extrema-direita.
O isolamento internacional do Brasil provocado por uma política externa burra tirou o país do mapa. Para agravar o quadro, a equipe econômica andou vendendo vento: os tais R$ 106,5 bilhões que estariam garantidos no leilão. Levou R$ 70 bilhões e dois campos ficaram encalhados. Os dois vendidos foram arrematados pela Petrobras.
Estrangeiros fugiram da disputa. Só duas estatais chinesas aceitaram participação menor numa empreitada com a Petrobras no campo de Búzios. É irônico que duas estatais chinesas tenham socorrido o Brasil e nenhuma empresa dos EUA, país incensado por Bolsonaro, tenha dado o ar de sua graça.
Os estrangeiros estão ressabiados com o Brasil.
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Falta de seriedade
É ruim para Bolsonaro que ele tenha postado uma mentira sobre a saída de empresas da Argentina e tenha apagado depois o que escreveu. Mas é pior para o Brasil.
É um comportamento que só reforça a falta de confiança no país. Também é inexplicável a forma como o Brasil trata a Argentina. Bolsonaro aprofunda uma crise que não deveria existir nas relações entre dois vizinhos tão importantes e dependentes um do outro.
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Vergonha nacional
O IBGE mostrou que 1 em cada 4 brasileiros vive com renda mensal inferior a R$ 420,00. Esse é o grande nó do país: a desigualdade social.
Investimentos públicos para gerar emprego e uma reforma tributária progressiva, cobrando menos impostos dos mais pobres e mais dos ricos e taxando mais a renda do que o consumo, são as medidas que o governo e o Congresso deveriam priorizar.
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