Nem tão depressa que pareça estar cedendo a Lula, e nem tão devagar como vem sendo até agora, o STF vai retomar o julgamento do habeas corpus da defesa do ex-presidente, que questiona a imparcialidade do ex-juiz Sergio Moro e pede a anulação da sentença. As apostas entre advogados que circulam na Corte é de que, em algumas semanas, o Supremo solte Lula – e por aí pode ser acertada a estratégia de radicalização do ex-presidente, que não aceita a progressão para o regime semiaberto ou domiciliar. Isso não quer dizer que o Supremo vai anular a sentença de Moro.
Há sempre um caminho do meio, sobretudo quando se trata da Suprema Corte tupiniquim. No caso de Lula, a solução poderá ser a libertação do ex-presidente em caráter temporário enquanto o STF determina a investigação das mensagens do The Intercept e de outros elementos levantados pela defesa para sustentar a argumenttação sobre a parcialidade de Moro.
Até pouco tempo atrás – junho, por exemplo, quando foi interrompido o julgamento na Segunda Turma – o STF não se encorajava a tomar uma decisão favorável ao ex-presidente. Interrompeu o julgamento pela ausência do decano Celso de Mello, o voto decisivo de desempate, e deixou tudo por isso mesmo. De lá para cá, porém, o clima mudou. Muitas revelações do Intercept, desgastes seguidos de Moro e da força tarefa e a aliança entre a cúpula da Corte e o governo Bolsonaro compõem um novo quadro.
Até mesmo setores militares que viviam fazendo declarações em tom de ameaça sobre a libertação de Lula se calaram. Há clima político para que o ex-presidente seja solto. E não é por outra razão que o procurador Deltan Dalagnol e sua força tarefa pediram para ele a progressão de regime para semiaberto ou domiciliar, inclusive sem o pagamento da multa imposta pela Justiça. Preferem isso a vê-lo solto pelo Supremo, em mais uma derrota para eles. A Lava Jato piscou.
HELENA CHAGAS ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)