BRASIL, SACODE A POEIRA E DÁ A VOLTA POR CIMA

FOTO DE ROBERTO STUCKER

Hoje em dia temos mais que o céu e o mar para continuar a luta contra os que inventaram a escuridão. Há um país em reconstrução, baita país

A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, dizia Chico para “você que inventou esse estado e inventou de inventar toda a escuridão”. Nos desapontamentos dos anos 80, Celso Viáfora dizia a respeito da vontade da juventude de se mandar: “e aí você partiu pro Canadá, mas eu fiquei no já-vou-já, pois enquanto estava me arrumando; aí, bati com os olhos no luar, a lua foi bater no mar e eu fui que fui ficando”.

Hoje em dia temos mais que o céu e o mar para continuar a luta contra os que inventaram a escuridão. Há um país em reconstrução, um baita país, com uma cultura rica diversificada, que conseguiu absorver a cultura de todos os imigrantes que por aqui aportaram, uma base industrial alquebrada, mas viva, um conjunto de minerais estratégicos e de grupos públicos e privados, capazes de pensar o futuro.

Como um país com a rede de pesquisas das universidades federais e estaduais, a Embrapa, a Fiocruz, o Butantan, o Cenpes/Petrobras, o CPQD, a rede de instituições públicas; as agências de fomento, como o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal do Nível Supeior), a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), o BNDES, as fundações de amparo à pesquisa, pode desistir de si próprio? São instituições construídas por gerações, ameaçadas pelos governos Temer e Bolsonaro, mas voltando a operar.

Um país que tem organizações nacionais, como o Sesi, o Senai, o MST, o sistema cooperativo, que desenvolveu várias tecnologias sociais para fortalecer os pequenos vai desistir de si próprio?

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Bastou o primeiro sopro de apoio da NIB (Nova Indústria Brasil) para o país pular de 70º para 40º entre 116 países no ranking UNIDO/Iedi de exportações industriais. Quem conversa com setores industriais em São Paulo percebe o sistema funcionando e as entregas sendo efetuadas.

Quais as vulnerabilidades? Segundo a Confederação Nacional da Indústria, o maior risco é a não continuidade. E a não continuidade depende de 2026. Ora, vamos abaixar a cabeça e jogar tudo isso no lixo da história? Parem com isso! O país está vivo, o lado civilizado está de cabeça baixa mas com uma enorme demanda por otimismo e por mobilização. 

Falta um rastilho para deflagrar a reação, e o problema não está no melhor ou pior manejo das redes sociais. Fora os estímulos das bigtechs à ultradireita, todos os lados aprenderam a utilizar as ferramentas digitais. 

Falta uma cara de futuro, um plano de metas, um projeto de país. Lula é um assistencialista relevante, que conseguiu reduzir a miséria e a fome, mas não é um desenvolvimentista. 

Ao mesmo tempo, ainda é o grande trunfo do país civilizado contra a barbárie que se aproxima. Sua eleição, em 2022, foi um épico da democracia brasileira, um estadista de 80 anos, depois de uma prisão injusta, voltando para salvar a democracia. Em 2026 continuará sendo o grande bastião de resistência. Pior do que um Lula sem projeto de país, é um país sem a possibilidade de um Lula candidato.

A hora é de sacudir a poeira e dar a volta por cima. E divulgar, mostrar o país moderno que existe debaixo dos escombros do noticiário diário, do lixo das redes sociais.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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