O PAPA DA QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

CHARGE DE MIGUEL PAIVA ” BLOG BRASIL 247″

O perfil do novo pontífice se enquadra nos dilemas e debates gerados pela nova revolução da inovação e do conhecimento.

Ele mesmo o esclareceu, é chamado assim em memória de Leão XIII, que enfrentou a questão social na primeira grande revolução industrial. Agora, sua Igreja está respondendo aos desenvolvimentos em inteligência artificial, “que colocam novos desafios na defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”, enfatizou o atual Pontífice.

Não é uma questão nova na Santa Sé. Francisco I se concentrou em seu papado. Não se trata de impedir esse desenvolvimento, mas sim de garantir que ele beneficie o maior número de pessoas.

Ela já foi analisada em 2018 em um seminário realizado pelo Fórum Social Ecumênico no Vaticano, com o economista Stefano Zamagni (professor da Universidade de Bolonha, assessor dos papas João Paulo II, Bento XVI e Francisco, presidente da Academia de Ciências Sociais do Vaticano), o cardeal Peter Turkson, empresários e acadêmicos da Argentina, Chile, México, Itália e Espanha.

Nas conclusões apresentadas ao Papa Francisco, foi destacado que “estamos atualmente diante de uma das maiores mudanças da história da humanidade: a globalização em um mundo digital”, e que “a Quarta Revolução Industrial está trazendo novas tecnologias que podem nos ajudar no processo produtivo e que, por enquanto, não conhecem limites e estão sendo implementadas rapidamente, sem considerar a possível perda de empregos”.

Alguns participantes então compareceram a uma audiência privada onde puderam cumprimentar o Papa Francisco, e o Cardeal Pietro Parolin (frequentemente citado como um “papável”) os elogiou, destacando seus “esforços na luta contra a desigualdade e o comportamento ético dentro do sistema econômico e financeiro global”.

Esses são dois pontos-chave para analisar o fenômeno da Inteligência Artificial. A IA está aumentando a lacuna entre aqueles que podem usá-la e aqueles que não podem acessar os benefícios da nova revolução industrial. Por outro lado, levanta dilemas éticos na economia sobre como esses avanços são usados.

Não se trata de pará-la, o que seria impossível, assim como outras revoluções industriais não puderam ser interrompidas.

É verdade que elas oferecem grandes oportunidades, não apenas para países desenvolvidos, mas também para aqueles que buscam crescimento. A Argentina, por exemplo, é líder regional na economia do conhecimento, com o maior número de unicórnios de tecnologia, respondendo por mais de 5% do PIB e mais de 7% das exportações, tornando-se o terceiro maior exportador do país.

Mas como a IA pode avançar no mundo quando 32% da população global não tem acesso à internet e 45% não possui um smartphone? Foi o que alertou Jorge Lukowski (Neoris), que esta semana participará de uma masterclass do Fórum Social Ecumênico, sobre a economia laranja, que está relacionada às novas tecnologias, à inovação e à cultura, na Faculdade de Ciências Econômicas da UBA.

É por isso que o referido seminário no Vaticano propôs que a educação seja um dos principais objetivos estratégicos num mundo digital. “As universidades são chamadas a ser laboratórios de diálogo e encontro a serviço da verdade, da justiça e da defesa da dignidade humana”, observaram. Participaram professores de diversas universidades (Universidade de Roma Tor Vergata, Universidade Católica do Sagrado Coração, Pontifícia Universidade de Salamanca, Universidade Nacional de La Plata) e executivos de empresas.Uma boa postura no local de trabalho previne diversas dores e incômodos no corpo.

Mas continua sendo uma questão pendente, que o Papa Leão IV, pessoa de grande cultura e sabedoria, promoverá. Ele certamente será um digno continuador do processo iniciado por um intelectual, Ratzinger, e um pastor, Bergoglio.

FERNANDO FLORES MAIA ” REVISTA NOTÍCIAS” ( ARGENTINA)

*Fernando Flores Maio é sociólogo, jornalista, escritor e diretor do Fórum Social Ecumênico

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