O REBATE

O Parlamento não confiou no Governo, nem no primeiro-ministro, e agora essa avaliação cabe a quem de direito. Já no dia 18!

Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos não fizeram um debate na SIC. Foi, verdadeiramente, um rebate. Eu rebato isto, tu rebates aquilo, e o «debate» não passou disso. Não ultrapassou os limites. Não foi o combate do século. A decisão atómica. O confronto final. Não passou de um desconto, de uma rebaixa ou de um contraponto. Argumentos contrários, mas já sem apelo.

Não é a 18 dias das eleições que os portugueses vão mudar o seu voto e, de repente, como nunca visto, entregar o baralho ao PS. Esta foi a semana da escalada definitiva da AD, do seu Governo e do seu Primeiro-Ministro, com base na frieza e racionalidade que demonstraram na crise do apagão. Atuaram quando deviam, apareceram quando necessário e descansaram, rapidamente, o temor e terror nacional

O apagão só reforçou a ideia e a necessidade de Portugal ter um Governo estável, que cumpra tranquilamente a legislatura e que esteja sempre alerta para todos os ineditismos. É essa a ideia central que o Presidente da República sempre invocou contra as crises políticas. Há demasiada confusão lá fora para acrescentarmos internamente mais lenha à fogueira.

Foi o rebate que se esperava. Já está tudo decidido na cabeça dos eleitores, e agora é apenas uma questão de tempo. Alguém — ou todos — vai pagar caro a queda do Governo, entre a censura e a confiança. O Parlamento não confiou no Governo, nem no Primeiro-Ministro, e agora essa avaliação cabe a quem de direito. Já no dia 18! Diga-se, em acrescento de realidade, que foi uma conversa explicativa, com os moderadores no lugar certo, e todas as áreas foram percorridas. Hoje não há Medalhas de Honra, mas estiveram muito perto. Ninguém ganhou decisivamente, nem ninguém perdeu abertamente.

LUÍS DELGADO ” REVISTA VISÃO” ( PORTUGAL)

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