
CHARGE DE MIGUEL PAIVA ” ( BLOG BRASIL 247″
“O comportamento de tornar a internação dele num circo parece o oposto do que se espera para um paciente em estado grave”, diz Arnóbio Rocha
Segundo o Google: “UTI significa Unidade de Terapia Intensiva. É uma área hospitalar especializada no tratamento de pacientes que necessitam de cuidados intensivos, com monitorização contínua e suporte vital para órgãos e funções essenciais. A UTI acolhe pacientes em estado crítico ou com risco de morte, oferecendo tratamento e suporte para que possam se recuperar.”
A decisão médica de levar um paciente para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é a medida mais extrema para isolar o paciente de contatos externos para evitar riscos de contaminação, aumentar a monitoração de parâmetros vitais e respostas imediatas às crises mais agudas que possam evitar o evento morte.Play Video
São regras duras, de pouco contato com o restante do hospital e de restrições às visitas, quase sempre apenas de familiares e por curtos horários, pois a prioridade máxima é a saúde do paciente e o movimento de médicos, enfermeiros e profissionais da área, inclusive todos eles são os mais qualificados dos hospitais. Os equipamentos são os mais sofisticados e exames constantes, além das melhores equipes hospitalares tornam as UTIs extremamente caras.
É um ambiente tenso e de extremos cuidados, para garantir a recuperação plena dos casos mais graves.
Dito isso, é inacreditável o espetáculo promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na UTI do mais sofisticado hospital particular de Brasília, o Hospital DF Star, de uma rede hospitalar famosa, o que consequentemente é um dos mais caros e dos mais modernos do Brasil, obviamente a saúde de figuras importantes do país merece o melhor para garantir sua vida. (Sem demagogia de que deveria ir para o SUS).
O comportamento de tornar a internação dele num circo parece o oposto do que se espera para um paciente em estado grave, a UTI é medida extrema para melhor atendimento e com regras restritas que são incompatíveis com o que se assiste, o que põe em dúvida a gravidade, senão a responsabilidade de quem o trata e dele próprio.
Fazer lives, promover venda de produtos, esculhambar as autoridades, a movimentação intensa de visitas, um BBB ao vivo, que foi coroado com uma citação e uma intimação judicial feita pelo STF, afinal se ele, o paciente pode tudo, por que não receber um oficial de justiça? Nem vale a cena de vitimização de que ele está na UTI, se esta foi descaracterizada por ele e pelo ambiente cenográfico montado.
A cena é constrangedora obviamente, o STF fez a comunicação aos demais réus, exceto a Bolsonaro, até então pela situação dele, no entanto em todos esses últimos dias, a movimentação na UTI, o entra e sai e até lives, entrevistas para jornalistas demonstram que o réu não está em repouso efetivo, ao contrário, fez da UTI um palanque, o que de certa forma desmoraliza o sentido da UTI, que é um ambiente tão importante para a vida dos pacientes em estado grave, cujo acesso à UTI é tão restrito, mas Bolsonaro não parece ter essas preocupações éticas e humanas.
Um espetáculo triste, um desafio para os que entendem que a dignidade humana é preceito fundamental, a doença fragiliza, expõe nossos limites, não obstante ela não é recurso para politização de qualquer espécie.
PS: Essa é uma reflexão dura de quem já esteve acompanhando entes queridos em UTI, aqueles poucos minutos, com todos os cuidados para não levar doenças, além do receio de que seja uma última visita, é um ambiente triste e extremo, não tem espaço para festa ou oba-oba, sei o quanto me foi cara a experiência e perda.
ARNÓBIO ROCHA ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)