DELEGADO LUIZ FERNANDO DA SATIAGRAHA À ESPIONAGEM DA ABIN

Luiz Fernando assumiu a PF no auge da Satiagraha, quando Paulo Lacerda foi exonerado da ABIN, depois da armação do chamado grampo sem áudio

É curiosa a maneira como se dá o sistema de influências e de sobrevivência política entre os delegados da Polícia Federal. É o caso desse Luiz Fernando Correa, o diretor da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) acusado de espionagem.

Luiz Fernando assumiu a Polícia Federal no auge da Satiagraha, quando Paulo Lacerda foi exonerado da ABIN, depois de uma armação do chamado grampo sem áudio – o suposto grampo de uma conversa entre o ilibado senador Demóstenes Torres e o Ministro Gilmar Mendes, atribuído por ambos (e pelo Ministro da Justiça Nelson Jobim) à ABIN.

Foi uma clara armação, desmontada na ocasião pelo meu blog, com o auxílio de leitores. O falso escândalo foi alimentado por uma capa da Veja falando em uma suposta república da espionagem. A matéria fazia um apanhado falso, dizendo que vários ministros do Supremo haviam sido vítimas de espionagem. A reportagem, por inverossímil, foi derrubada pelos blogs em meio dia. Mas motivou uma CPI do Grampo.

Dias depois, Jobim levou à CPI as supostas provas do grampo. A ABIN se defendera dizendo não possuir equipamentos de grampo, apenas de escuta. Jobim apresentou prints dos supostos equipamentos de grampo. Publiquei no Blog. Um leitor imediatamente pesquisou e constatou que o print de Jobim não passava de um recorte do site que vendia o equipamento – incluindo alguns erros que constavam no próprio site, O título da matéria foi “Jobim mentiu:”.

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Nos dias seguintes, ante um fogo intenso, Lacerda foi demitido. Lula incumbiu Dilma Rousseff e Tarso Genro de ligarem para mim, Mino Carta e Paulo Henrique Amorim, para dizer que nada mudaria em relação à Satiagraha, já que éramos a linha de frente contra os desmandos de Daniel Dantas. Na sua última entrevista, antes do impeachment, assim que terminou a gravação, Dilma me disse que o ex-Ministro Márcio Thomaz Bastos havia ligado para ela, na ocasião, para que convencesse Lula a não demitir Paulo Lacerda, porque perderia completamente o controle da PF – que já entrara em pesada fase de politização. Foi o que ocorreu depois.

O passo seguinte foi colocar Luiz Fernando para conversar convosco. Ele veio a São Paulo, tivemos uma conversa pouco convincente. Na época, já corria a informação que Luiz Fernando usara indevidamente o Guardião – o sistema da PF que permitia grampear telefones. Dizia-se, inclusive, que ele teve alguma forma de participação na compra do Guardião.

Guardei a informação, nunca mais soube dele e, agora, ele ressurge como diretor da ABIN, envolvido com grampos ilegais.

A Associação dos Delegados da Polícia Federal – a verdadeira controladora da PF – é claramente uma caixinha de surpresa.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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