
Cá estamos com um Governo de gestão resultante de um interminável conjunto de disparates políticos que conduziram o país a esta situação. Caros leitores, vamos pensar no futuro que é, de momento, o que podemos fazer de mais saudável.
Vamos ter eleições a 18 de Maio. Com um Presidente da República que vulgarizou e desbaratou a função presidencial, saudemos a rapidez do processo de lançamento de novas eleições. Valho-nos isso! No meio da execução de um PRR que tem de estar concluído no final de 2026, mas que, até agora, executámos apenas em 32%, é bom que, em breve, tenhamos um novo Governo em pleno funcionamento.
Por agora, fala-se de duas novas realidades em termos de alianças. A Iniciativa Liberal pode juntar-se à Aliança Democrática sob a forma de uma coligação parlamentar ou mesmo integrando o Governo. Por outro lado, o Livre de Rui Tavares poderá aliar-se ao Partido Socialista reforçando o campo da esquerda. Qualquer das duas alianças é bem-vinda. Reforça a componente de estabilidade que o país tanto precisa e poderá dar-nos alguma tranquilidade parlamentar para o futuro.
Oxalá o resultado das futuras eleições nos possiblite uma solução governativa credível e que possa enfrentar os desafios do futuro, seja a nível interno ou internacional. Seria bom, ao votarem, que os portugueses olhassem para o exemplo alemão e para a facilidade como, por lá, se formam alianças políticas estáveis e com a perspectiva de um horizonte temporal, suficientemente dilatado, que permita a resolução dos problemas da Alemanha. Foi o que aconteceu, recentemente, com a concretização de um acordo político entre os centristas da CDU e os sociais-democratas do SPD.
Mas, para retirarmos algumas lições para o futuro do que aconteceu ao nosso país, vamos, então, elencar o que nos conduziu a esta triste situação política.
Hoje em dia alguém que queira ser primeiro-ministro em Portugal não pode deixar-se cair nas malhas das porta-giratórias entre o público e o privado. Naturalmente todos têm direito a ganhar a vida sem ser à custa do Orçamento de Estado. Mas para exercer funções de Estado é necessário que os protagonistas separem, de um modo categórico e sem sombra para dúvidas, o privado do público. E que o país veja essa separação com toda a facilidade.
Luis Montenegro não fez isso e as consequências estão a vista de todos. É pena! O Governo estava a governar bem e a solucionar o ror de problemas sociais que eram a herança de António Costa. Tinha uma visão reformista para o país. Estavam planeados os alicerces de algumas grandes obras fundamentais para o futuro de Portugal.
O disparate de Montenegro e a ambição cega que o Partido Socialista tem de chegar ao poder originaram esta crise política. O PS poderia ter-se abstido na votação da moção de confiança, possibilitando a continuidade do Governo, e a Comissão Parlamentar de Inquérito ao primeiro-ministro faria o seu caminho. Se este, depois, se demitisse assumiria as responsabilidades do seu acto. Em todo este processo da parte do Governo e do PS não houve nem maturidade , nem sentido de Estado.
A Assembeia da República é hoje uma pobre realidade política que devia envergonhar cada um dos deputados que a compõem. Será necessário relembrar aos que representam os portugueses que a sua função é avaliar as medidas do Governo, o exercício do Executivo, a exequibilidade e a mais-valia das medidas que o Governo toma. Em resumo, escrutinar o Executivo.
Como aceitar o triste espectáculo da prolongada discussão de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no meio da análise de uma Moção de Confiança? Não é para isto que existe o Parlamento.
Agora a capacidade de escolha foi de novo reenviada aos portugueses. Não devemos dramatizar esse facto. É assim em democracia e ainda bem. A futura escolha vai ser de todos, que terão de reflectir, tranquilamente, quem consideram ser os principais responsáveis por esta crise política. Os tempos não são propícios a aventuras políticas sem nexo.
Não é necessáro recordar o cenário internacional que vivemos, supostamente, com a Europa a preparar-se para uma possivel guerra e os Estados Unidos entregues a um louco varrido. Por cá sabemos os problemas que enfrentamos. A carência de habitação, um Sistema de Saúde por reorganizar, o melhor do nosso capital jovem a sair para o exterior por falta de alternativas em Portugal. Tudo isto chegaria para haver responsabilidade e sentido de Estado. Mas não. A bola está agora do lado do povo português. Reflictam, pois, caros concidadãos, no dia de amanhã. O mais saudável é de facto pensarmos que um melhor day after chegará. Oxalá assim seja!
ANTÓNIO CAPINHA ” DIÁRIO DE NOTÍCIAS” ( PORTUGAL)
Jornalista