
CHARGE INTERNACIONAL
O jogo de avançar e recuar de Trump está longe de ser estratégia de aproximações sucessivas visando, em algum momento, acertar.
Em palestra ao Clube Econômico de Nova York, o Secretário do Tesouro americano Scott Bessent expôs o que ele chamou de “a base intelectual da visão econômica de Trump”.
Os dois objetivos básicos são a restauração da prosperidade americana e a recuperação da soberania econômica.
Vamos ver o que ele entende por tal. Toda essa “base intelectual” repousa em tres alicerces:
1. Revitalização do Setor Privado: reduzindo regulamentações excessivas e transferindo o poder econômico de burocratas em Washington para empresas e trabalhadores americanos. Segundo ele, as políticas regulatórias do governo Biden sufocaram o crescimento econômico e contribuíram para instabilidades no sistema bancário, como o colapso do Silicon Valley Bank (SVB). Ele propõe, em suma, uma privatização selvagem.
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2. Segurança Econômica como Segurança Nacional: argumentou que os EUA, por muito tempo, serviram como um estabilizador global sem receber compensação adequada, enquanto países como China, Alemanha e Japão manipularam suas políticas econômicas em benefício próprio. A ideia de que a inflação derrotou Biden é deixada de lado. Para Bessent, o acesso a produtos baratos não é o cerne do “Sonho Americano”, mas, sim, um sistema que promova a mobilidade ascendente e a estabilidade econômica.
3. Reorientação das Relações Comerciais Globais: argumentou que as tarifas são uma ferramenta estratégica para reequilibrar o comércio global, garantindo que o sistema recompense a inovação e a competição justa, em vez de práticas como supressão salarial e roubo de propriedade intelectual. Ele também criticou o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau por impor tarifas retaliatórias contra os EUA.
Bessent descreveu essas políticas como a base para o que Trump chamou de “Era de Ouro da América”, uma visão de longo prazo para reestruturar o comércio global, reviver a indústria americana e garantir que a política econômica dos EUA beneficie os trabalhadores americanos.
No curto prazo, começa a cair a ficha do eleitor norte-americano dos efeitos sobre a economia de ações de improviso, sem conhecimento das estruturas complexas de uma economia como a norte-americana.
O jogo de avançar e recuar de Trump está longe de ser estratégia de aproximações sucessivas visando, em algum momento, acertar. Pelo contrário, destrói um dos grandes fatores de fortalecimento da economia norte-americana – e do dólar – que é a previsibilidade.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)